Integração: Conexão entre os Ensinos de Gurdjieff e os Conceitos Junguianos

Mandalas e Eneagrama, Jung e Gurdjieff, uma integração

Nos últimos artigos discutimos as semelhanças e diferenças das abordagens de Carl Jung e de George Gurdjieff. As semelhanças entre ambas as abordagens nos fornecem pontes de comunicação entre os dois ensinamentos. Enquanto suas diferenças podem ser usadas como complementos necessários entre os dois métodos.
Contudo, podemos nos perguntar: Como uma pessoa pode usar as abordagens, técnicas, ensinamentos e teorias de Carl Jung e de George Gurdjieff como aliados em seu caminho de desenvolvimento pessoal?

Quarto Caminho ou quatro funções psicológicas?

Quarto caminho ou quatro funções psiquicas

Neste artigo, continuamos a explorar as ideias e teorias de dois grandes pensadores do século XX: Carl Gustav Jung e Georges Ivanovich Gurdjieff. Jung, um psiquiatra e psicólogo suíço, é mais conhecido por seus conceitos de arquétipos, inconsciente coletivo e tipologia psicológica. Gurdjieff, por outro lado, foi um místico e mestre espiritual russo-armênio, cujos ensinamentos tratavam principalmente do desenvolvimento do ser humano e da busca pela consciência superior. Embora suas teorias e abordagens possam parecer distintas, há pontos de convergência e divergência que valem a pena investigar. Nesta análise comparativa, continuamos a identificar e discutir as semelhanças e diferenças entre as propostas de Jung e Gurdjieff, oferecendo uma perspectiva única sobre as contribuições desses dois gigantes intelectuais no campo do desenvolvimento humano e da espiritualidade

A grande força da Criatividade

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

O Ponto 7 no Eneagrama, pela lei de três, deve reconciliar as tensões existentes entre o Ponto 9 (não existência) e o Ponto 8 (existência). Assim, o que pode trazer resolução para este conflito e tensão? Além disso, que resolva tal tensão mantendo o propósito e objetivo do raio da criação? A força que tem o poder de fazer isso é a força da criatividade. Somente a criatividade pode encontrar soluções fora do campo de tensões.

No começo era o nada

Este é o verdadeiro princípio da essência no ponto 9 do Eneagrama. Assim como é a verdadeira personalidade de quem neste ponto cristaliza no processo de crescimento. Como iremos ver ao longo dos próximos artigos, cada ponto do Eneagrama representa uma história dentro do raio da criação. O motivo pelo qual a personalidade se cristaliza em um ponto e não em outro não é totalmente conhecido. Pode-se especular que isso se deve a missão de vida de cada um. Porém, pode ser simplesmente por questões hereditárias e genéticas. O fato é que existe uma distribuição equalitária entre os tipos de personalidade ao longo do Eneagrama. É como se a própria personalidade também tivesse de obedecer a uma lei universal da qual tudo se desdobra em um processo de nove partes (ninefoldness).

Personalidade e essência no Eneagrama

Imagem de Anke Sundermeier por Pixabay

A essência é algo indivisível e faz parte dessa grande escala cósmica. É a partir dessa essência que personalidade se desdobra como um reflexo exterior. É como se a essência da árvore fosse sua semente. Dela nasce caule e raiz. Será essas raízes e caule que darão a estrutura para a personalidade que nesse exemplo são suas folhas, flores e frutos. Na verdade, neste exemplo não há uma divisão entre essência e personalidade. Contudo, imagine essa mesma semente crescendo em um vaso suspenso. O crescimento dessa semente estará limitado ao espaço confinado do vaso. É exatamente o que a falsa personalidade faz.

Centro magnético, essência e personalidade – Parte 4

Imagem de Jason Gillman por Pixabay

Na vida comum, o centro de gravidade está na personalidade enquanto a essência dorme. Em um momento de consciência, essa polaridade interna é invertida. Assim, a personalidade fica de lado e o centro de gravidade está na essência que desperta. Isso permite que a essência descubra que para se expressar na vida tem à sua disposição um aparato completo na medida em que a personalidade se afrouxou. Em um momento de consciência, por mais breve que seja, restabelece-se a harmonia entre a essência e as funções, entre os centros e seus conteúdos, e entre a individualidade real e sua manifestação na vida.

Da personalidade para a essência, parte 3

Imagem de Anne-marie Ridderhof por Pixabay

Assim, a tragédia comum do homem em nossa civilização é que sua personalidade tomou o lugar do Ser. A personalidade forma uma concha que isola a essência e impede que qualquer coisa chegue até a essência. É a personalidade que recebe todas as exigências, impressões e choques da vida. Assim, ela responde à sua maneira e dirige tudo de acordo com suas próprias regras. Acima de tudo, para seu próprio benefício. Responde conforme a sua estrutura e de forma reflexiva, superficial e imediata. Em suma, a personalidade reage. Ela vive e se alimenta dessas reações. Cada uma das quais reforça sua estrutura e fortalece seu condicionamento. Então, tudo isso é mantido como um “todo” por um aparelho emocional altamente sensível, a saber, seu “amor-próprio”. 

Corpo, essência e personalidade – parte 2

Imagem de Myriams-Fotos por Pixabay

No início da vida, o ser humano é corpo e essência. A personalidade ainda é potencial e sem forma. Por isso a criança se comporta como realmente é. Seus desejos, seus gostos, o que gosta e o que não gosta expressam seu ser tal como é. Além disso, a personalidade começa a crescer assim que surge a necessidade de enfrentar a vida. Sobretudo, a personalidade é formada em parte por influências externas intencionais. Disso chamamos de educação, seja essa educação formal ou informal. Outra parte se forma pela imitação involuntária de adultos pela própria criança. Ainda há outra parte formada pela “resistência” da criança ao que está ao seu redor. Acima de tudo, pelos esforços para proteger sua essência. Mesmo que para tanto tenha de disfarçar, se necessário, sobre o que sente ser seu verdadeiro eu. Sobre o que é real em si.

Essência e personalidade, você sabe diferenciar?

Imagem de silviarita por Pixabay

Estamos divididos em duas partes. Uma parte contém o que nascemos. Assim, contém a semente das qualidades que nos pertencem por direito. Nossas capacidades, nossas incapacidades e tudo o que nos foi dado como nosso. Dessa forma, chamamos isso de nossa “essência”. Outrossim, Gurdjieff utiliza esse conceito dentro de seu significado original. A essência, quase inteiramente potencial no nascimento, desenvolve-se até certo ponto. Depois, se torna o que também chamamos de “ser” do indivíduo. Seu ser interior, o núcleo de sua “individualidade”. Portanto, é o desenvolvimento de nosso ser real que ocorre na medida que desenvolvemos. Assim, a essência corresponde em grau à nossa experiência da realidade no mundo. Por esse fato, é quase inteiramente real. Porém, devemos ater ao fato que a essência ainda contém um potencial não realizado.

Conhecer a estrutura do ser humano é fundamental para o Trabalho

Apesar de soar complexo, devemos acreditar que já temos em nós todas as faculdades e pré programações que nos permitem realizar essa tarefa. A capacidade de aprender sobre si é tão orgânica e instintiva quanto respirar. Isso não significa que é fácil. Sim, exige sacrifícios, dedicação, tempo e esforço. Porém, é inata, possível a qualquer um que dela queira fazer uso.

Quanto mais conseguimos observar toda essa teoria acontecendo em nós mesmos, mais se adquire uma verdadeira compreensão.