Da personalidade para a essência, parte 3

Imagem de Anne-marie Ridderhof por Pixabay

Assim, a tragédia comum do homem em nossa civilização é que sua personalidade tomou o lugar do Ser. A personalidade forma uma concha que isola a essência e impede que qualquer coisa chegue até a essência. É a personalidade que recebe todas as exigências, impressões e choques da vida. Assim, ela responde à sua maneira e dirige tudo de acordo com suas próprias regras. Acima de tudo, para seu próprio benefício. Responde conforme a sua estrutura e de forma reflexiva, superficial e imediata. Em suma, a personalidade reage. Ela vive e se alimenta dessas reações. Cada uma das quais reforça sua estrutura e fortalece seu condicionamento. Então, tudo isso é mantido como um “todo” por um aparelho emocional altamente sensível, a saber, seu “amor-próprio”. 

Corpo, essência e personalidade – parte 2

Imagem de Myriams-Fotos por Pixabay

No início da vida, o ser humano é corpo e essência. A personalidade ainda é potencial e sem forma. Por isso a criança se comporta como realmente é. Seus desejos, seus gostos, o que gosta e o que não gosta expressam seu ser tal como é. Além disso, a personalidade começa a crescer assim que surge a necessidade de enfrentar a vida. Sobretudo, a personalidade é formada em parte por influências externas intencionais. Disso chamamos de educação, seja essa educação formal ou informal. Outra parte se forma pela imitação involuntária de adultos pela própria criança. Ainda há outra parte formada pela “resistência” da criança ao que está ao seu redor. Acima de tudo, pelos esforços para proteger sua essência. Mesmo que para tanto tenha de disfarçar, se necessário, sobre o que sente ser seu verdadeiro eu. Sobre o que é real em si.

Essência e personalidade, você sabe diferenciar?

Imagem de silviarita por Pixabay

Estamos divididos em duas partes. Uma parte contém o que nascemos. Assim, contém a semente das qualidades que nos pertencem por direito. Nossas capacidades, nossas incapacidades e tudo o que nos foi dado como nosso. Dessa forma, chamamos isso de nossa “essência”. Outrossim, Gurdjieff utiliza esse conceito dentro de seu significado original. A essência, quase inteiramente potencial no nascimento, desenvolve-se até certo ponto. Depois, se torna o que também chamamos de “ser” do indivíduo. Seu ser interior, o núcleo de sua “individualidade”. Portanto, é o desenvolvimento de nosso ser real que ocorre na medida que desenvolvemos. Assim, a essência corresponde em grau à nossa experiência da realidade no mundo. Por esse fato, é quase inteiramente real. Porém, devemos ater ao fato que a essência ainda contém um potencial não realizado.

Os centros e suas funções

É mais difícil notar de onde saiu o pensamento, a emoção ou a ação instintiva. Assim como é difícil separar completamente uma função da outra. Mas isso não é o mais relevante inicialmente. O que mais interessa é capturar essas associações. Tais associações de pensamento-emoção-reação instinto revelam a nossa mecanicidade e a incapacidade de ser livre para agir. Ao mesmo tempo, são esses choques de realidade que nos impulsionam para a evolução. Afinal, a nossa verdade interior é revelada. Sem ilusões e fantasias.

Conhecer a estrutura do ser humano é fundamental para o Trabalho

Apesar de soar complexo, devemos acreditar que já temos em nós todas as faculdades e pré programações que nos permitem realizar essa tarefa. A capacidade de aprender sobre si é tão orgânica e instintiva quanto respirar. Isso não significa que é fácil. Sim, exige sacrifícios, dedicação, tempo e esforço. Porém, é inata, possível a qualquer um que dela queira fazer uso.

Quanto mais conseguimos observar toda essa teoria acontecendo em nós mesmos, mais se adquire uma verdadeira compreensão.

Personalidade e níveis de consciência, uma espiral dinâmica

red smoke illustration

Graves coloca que nosso estágio de consciência é fruto da interação de duas forças. A primeira força pelas condições de vida. A segunda força vem do próprio sistema cognitivo humano, nossa mente e capacidade cerebral. Da mesma maneira podemos dizer que o estágio de consciência é uma terceira força reconciliadora entre as demais duas forças presentes em nossa realidade. Ao mesmo tempo, cada estágio de consciência está associado a uma visão de mundo e a um sistema de valores.