Auto-observação: exercício prático para a rotina de casa

Sem desculpas!

 

Neste momento, em que estamos em casa, podemos utilizar a prática simples de auto-observação para aprendermos mais sobre nós. Dessa forma, nos desenvolvemos enquanto realizamos as tarefas domésticas do dia a dia. Digamos a verdade, quem realmente gosta de realizar uma faxina? No entanto, gostamos de uma casa limpa e organizada. Este conflito por si só já nos faz lembrar o que nos é dito no Trabalho interior. Afinal, sempre haverá a necessidade de pagar pela nossa existência.

 
Então, realizar uma faxina em casa enquanto organizamos, limpamos, tiramos poeira e passamos pano é também uma maneira de realizar o trabalho de auto-observação nos três centros de inteligência ou seja corpo emoção e intelecto.
 

A dinâmica interna

Se formos honestos ao fazer a auto-observação, vemos que quando chega aquele dia  que nos comprometemos em realizar a limpeza da casa dificilmente sairemos pulando da cama dando socos ao ar de alegria e a dizer “ nossa que delícia! Hoje é o dia da faxina!”. É mais fácil sermos atordoados por pensamentos como “ai meu Deus do céu! Por quê eu tenho que fazer isso? Porque eu não sou rico suficiente para ter quem faça por mim?” ou “por que que as coisas tem que se sujar”, ou ainda, “porque eu não posso descansar?”. Logo somos acometidos por pensamentos negativos. Não só um pensamento negativo mas por um “trem de pensamentos negativos” como uma locomotiva com vários vagões.
 
E quando a gente aprende que é necessário trabalhar com os três centros de inteligência podemos observar que o centro físico é o mais fácil de ser trabalhado inicialmente, pois, o centro físico é uma força neutra que com um simples “choque mecânico” de intensidade correta já se põe em movimento. Ao invés de ficarmos pensando ou sentindo simplesmente se somos merecedores ou estamos sendo castigados por ter de passar o sábado arrumando a casa, podemos simplesmente nos colocar em pé e pegar a vassoura, um pano e começar a fazer. Quando nos damos conta já estamos fazendo. O corpo deve aprender com tempo a obedecer a vontade de seu dono e a se mover de forma dissociada e independente das energias dos outros dois centros de inteligência. Somente assim poderá utilizar de sua própria energia.
 
 

Como começar

Para tanto, podemos utilizar os movimentos físicos necessários ao realizar as atividades domésticas como um exercício para desenvolvermos a presença: basta auto-observar atentamente os movimentos do corpo, sentindo o peso nos pés, os movimentos de nossos braços e se sentir dentro do corpo enquanto se faz as atividades.
 
Quantas e quantas vezes simplesmente fazemos as coisas de forma mecânica e quando nos damos conta nem sabemos o que estávamos fazendo, se estávamos Indo ou voltando, começando ou terminando uma atividade. Sem auto-observação tudo fica mecânico. Qualquer exercício em movimento utilizando o centro físico exige presença e atenção. Ao trabalharmos presença com atenção ao corpo enquanto este executa o que é necessário podemos notar um cessar daquela locomotiva de pensamentos e emoções, mesmo que por alguns instantes.  Isto nos permite desenvolver novas sensações pelo uso dos nossos sentidos. Sensações que por vezes foram esquecidas ou nos chegam inéditas.
 
Porém no Quarto Caminho aprendemos a necessidade de realizar o trabalho nos 3 centros de inteligência. Então, ao usarmos o nosso centro intelectual podemos fazer um pequeno estudo,  planejamento e o sequenciamento das atividades de maneira a não esgotar desnecessariamente a energia de nosso corpo. Podemos estudar como limpar uma casa lendo blogs e vídeos. Ao associarmos o movimento do corpo com o correto funcionamento do centro intelectual já nos sentimos mais completos.
 

Auto-observação das emoções

Ainda falta associar a este exercício o centro emocional. O trabalho do centro emocional sempre será o mais difícil de ser realizado. Para trabalharmos o nosso centro emocional temos duas estratégias: a primeira é não nos identificarmos com os nossos sentimentos negativos. Para não identificarmos observe e nomeie estes sentimentos sem engajar em um diálogo interno. É algo como “este eu se diz cansado”, “este eu se diz entediado” e assim por diante. Não engaje em um diálogo interno e nem busque saber o porque. Simplesmente observe seu estado emocional interno ao longo do dia. Isto se chama fazer fotografias de si mesmo enquanto faz o que tem de fazer.  A segunda é estabelecer um objetivo positivo que nos motive em estar presente na tarefa. Devemos ter um objetivo tanto para a vida quanto para o nosso desenvolvimento pessoal. O objetivo pode ser realizar um esforço contrário em executar algo que não gostamos mas é necessário. Remar contra a maré com vontade consciente, utilizando a atenção e a auto observação é o que Gurdjieff chama de realização de um super esforço.
 

Presença e auto-observação

Não existe momento perdido no Trabalho do Quarto Caminho. Através deste trabalho, aprendemos que toda e qualquer situação se torna uma oportunidade para podermos ganhar mais conhecimento sobre nosso mundo interior. Isso se faz principalmente através da auto-observação. Então não há desculpas que nos impeçam de transformar as nossas  vidas. “Conheça a ti mesmo” é um passo fundamental que antecede o processo de transformação que pode e deve ser realizado dentro das rotinas de nossas vidas. No Quarto Caminho vivemos, aprendemos e crescemos dentro de nossas vidas para que a vida seja plena.
 
Espero que gostem do exercício. Se gostou então deixa aí um comentário dizendo se teve resultado ou sugestões.
 
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7 comentários em “Auto-observação: exercício prático para a rotina de casa”

  1. Legal Silvia.. este é o espírito. Se observar vc vê que consegue realizar as coisas no seu tempo. Mas note que é importante observar que temos momentos distintos ao longo das realizações das tarefas. De manhã preguiça, depois animado e vem o almoço que dá aquele desanimo de continuar que precisamos dar um choque pra terminar e daí vem a "batalha final " que nossas energias estão no fim e ficamos com a impressão que nunca acaba. Depois disto tudo o fim e o descanso de novo.

    E conseguiu ver as emoções? O que notou?

    Responder
  2. Muito bom, várias vezes eu tenho que fazer esse exercício, só que, como sou um nove com asa no um, depois que começo, tenho que caprichar. Quando termina, é só alegria

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