A necessidade de uma segunda educação.
No último artigo comecei a apontar os caminhos e desafios de desenvolvimento na dimensão do ter e do Ser. Certamente é mais fácil entender quando falamos em desenvolver para desempenhar na vida. Al;em disso, nossa cultura favorece em muito isto. É uma cultura de atenção ao desempenho na vida. Porém, a sociedade não mais ensina trabalhar em nosso Ser, construir a nossa própria alma. Contudo, isto virou papo de currículos “esotéricos”, de “gente que defende bicho”, de povo de humanas e por aí vai. Por vezes, o discurso do Ser é apropriado pelos desempenhadores justificando o ter como benção do Ser. Algo como “se tenho eu Sou”. Portanto ,só podemos construir nosso Ser se aprendermos a fazer isto através de uma segunda educação.
Desenvolver o Ser, evolução ou revolução?
Em outras épocas da humanidade, era o desenvolvimento do Ser o tema central. Além disso, a segunda educação era parte da cultura. Assim também, nada de errado com o desenvolvimento tecnológico atual. Igualmente adoro o conforto que me trás. No entanto, a falta de atenção dada ao desenvolvimento do Ser é a grande causa dos nossos problemas sociais. Em contrapartida, problemas que muitos queixam. Reclamam que o mundo não evolui, que as pessoas repetem erros históricos inaceitáveis e que a mania de destruição da humanidade parece chegar a um limite inaceitável. Consequentemente, destruição da natureza, de valores éticos e morais, de outros seres humanos pela violência da guerra, discriminação, escravidão, etc.
Mas estes não são problemas da natureza do ter. Ao contrário, estes problemas, que tanto nos afetam, de forma direta ou indireta, na nossa psique e no físico, são problemas da qualidade do Ser. Em suma, daquele papo de gente estranha.
Mas, mesmo esse povo estranho que fala do Ser acha que pode fazer. Assim como que basta mobilizar, ir a luta, brigar para mudar. Também acreditam que basta acender vela, fazer oração, mentalizar, bater tambor, pedir ao universo e tudo muda. Mas, mudar o que? A vida muda, mas, não altera a qualidade do Ser. Ao contrário, veja que as grandes revoluções fizeram o que o nome diz: revolução, ou seja, deram uma volta de 360 graus para chegar ao mesmo ponto em que estavam
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A revolução francesa era contra uma monarquia opressora para terminar em uma ditadura opressora.
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Revolução comunista contra opressão do povo trabalhador e privilégios de poucos para um regime de exploração do trabalhador para privilégios de poucos
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Revolução capitalista lutou pelo direito de livre comércio e exploração de recursos na mão de poucos para concentração de poder e riquezas na mão de poucos.
Poucas foram as verdadeiras transformações na humanidade. Assim, eu acredito que a última transformação relevante foi a da universalização da educação. Acima de tudo, esta mudança alterou o estado de consciência de muitas pessoas e isto trouxe progressos, mesmo que sejam parciais perto de suas promessas.
No entanto, a educar para o Ser ainda é pouco ensinado. Como resultado, grandes escolas filosóficas perderam a capacidade de ensinar. Enfim, por mais que o conhecimento esteja relativamente universalizado, educar para construir o nosso Ser requer uma segunda educação. Logo, resquícios deste trabalho ficaram divididos em grupos que não mais conversam entre si, por isso, não conseguem construir a figura toda.
Trabalhar com a psique humana virou atributo oficial de psicólogos e médicos que têm pacientes como doentes fora da normalidade. Assim, restou o caminho místico, cheio de armadilhas e de pessoas com muita intuição e com baixa compreensão do processo. Temos de reconstruir este entendimento costurando uma colcha de retalhos.
Segunda educação
Educar as pessoas para uma segunda educação não é garantia de que irão realizar o trabalho interior, necessário para construir sua alma. Porém, passam a entender a verdadeira situação em que vivem. Dessa maneira, entendem porque as coisas são assim e não diferente. Isto, por si, já é uma alteração de consciência. Definitivamente as pessoas devem optar se querem ir pelo caminho da vida ou pelo caminho do Ser. Acima de tudo, todos os caminhos levarão ao mesmo fim, porém, alguns não querem esperar muito mais. Porém, algumas pessoas tem pressa, sabem que seu tempo está acabando aqui e querem construir sua própria saída. Dessa forma, e receberão a saída como pagamento, em troca de seu trabalho interior.
Jung chama este processo de construção da alma de individuação. Gurdjieff chama de construir o corpo emocional superior (corpo kedjan).
Se precisamos ter uma segunda educação, deve pressupor que não temos o conhecimento (o quê fazer) e nem a individuação de nossa alma (para quê fazer). Portanto, se já temos nossa alma, não há motivos para nos educar nesta segunda educação. Por último, muito menos de realizar o trabalho interior. Esta é uma grande barreira neste processo. Assim, muitos acreditam que já possuem alma, livre arbítrio e individuação. Então, não há necessidade nem de se educar e muito menos de realizar qualquer processo de trabalho interior. Consequentemente, a vida segue, sem mudança, sem transformação, somente revoluções.
Mas, o pior desta questão é que acreditam que a vida deve mudar, e deve mudar por si. Como em um passe de mágica infantil, “eu desejo”, “eu peço e acontece”. Pois bem, desiluda! Para fazer é preciso Ser. Deixa eu explicar melhor. Para tornar-se o objeto que transforma o meio é preciso Ser, ter um Ser, estar pelo menos a um nível acima em seu nível do Ser.
O pior de tudo não é rejeitar o trabalho interior. O pior é acreditar que pode fazer e que o mundo deve mudar sem alterar o atual nível do Ser que compõe o mundo. É querer fazer omelete sem quebrar o ovo. Entenda, por mais boas que sejam as intenções das pessoas para com a vida, a vvúnica coisa que conseguimos fazer sem a transformaçāo do Ser são revoluções, um giro de 360 graus que nos leva ao mesmo ponto, uma soma zero. Os problemas não são resolvidos. Portanto, são simplesmente abafados para retornar depois em novas roupagens. Só há saída pelo trabalho interior.
Desenvolvendo o Ser nos três centros de inteligência
Trabalhar em nosso Ser requer adquirir esta segunda educação e colocá-la em prática. Em contrapartida, práticas levam a erros, muitos erros. Igualmente, vamos errar e confundir conceitos muitas vezes até começar a consolidar o entendimento. Mas, este processo não se difere em nada do processo educacional para a vida. Da mesma forma, se você se põe a estudar um idioma estrangeiro, irá ter de achar um método, encontrar uma motivação e se esforçar para aprender. Assim como irá errar muito até ir acertando, ganhando proficiência. Da mesma forma, existem mais surperstições e preconceitos no processo de desenvolvimento do Ser que diferenças de entre o processo de desenvolvimento da vida. Sabe qual é a maior diferença? Aprendemos sobre a vida quando éramos crianças. Enfim, crianças erram muito e não se importam com isso. Afinal, elas acham divertido tudo isso e dão risadas com seus erros. E esta é a chave mental.
Seja criança, aprenda como se não soubesse a segunda educação.
“Então disse Jesus: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”. (Mateus 19:14)”
Pelo lado físico, é como tornar-se atleta. Da mesma forma, imagina que você sedentário decida correr uma maratona. Assim como se você colocar um tênis e sair correndo a maratona dificilmente irá chegar ao quilômetro 5, porém, com um método de treino, motivação e esforço poderá completar a maratona após um determinado período. Logo, desenvolver o nosso Ser e realizar o trabalho interior é ir gradualmente tornando este atleta espiritual. Igualmente, não há uma meta. Cada um decide o nível que quer jogar. Porém, o corpo também precisa se adaptar às mudanças.Por último, estar forte, saudável e relaxado. Praticar a atenção e a presença. Assim terá energia disponível para a transformação.
Quanto ao lado emocional, precisamos ter uma motivação. Por que você quer se desenvolver além do que já é? O que lhe motiva a fazer isso? A buscar a transformaçāo em você? Qual a motivação que lhe faz caminhar para este sacrifício voluntário onde a recompensa é incerta?
Trabalhar nos três centros de inteligência não é transformaçāo, mas, cria o meio necessário para que a transformação aconteça.
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2 comentários em “Segunda educação: sem ela, sem transformação!”
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