Impressões, impressão sua

Vamos continuar neste artigo a falar da relação dos três alimentos, e, principalmente sobre as impressões. Como dito no artigo anterior, que você acha aqui caso não tenha lido, impressões são o terceiro grupo de alimentos que recebemos em nosso corpo. Alimentamos de comida, ar e impressões. 

E Já que vamos aprofundar sobre o quê é impressões, julgo ser interessante recorrer ao dicionário e procurar as definições para a palavra.

Impressões digitais
impressões digitais

impressão

  • ato de pressionar, de calcar, de marcar sob pressão.
  • POR ANALOGIA
  • efeito de ação exterior sobre algo; influência.
    • “a planta depende das i. que recebe da luz e do ar”
  • FIGURADO POR EXTENSÃO
    • influência sobre os órgãos dos sentidos; sensação.
    • “aquele cheiro dava-lhe a i. de que algo estava queimando”
  • FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE
    • influência moral, intelectual, artística.
  • POR EXTENSÃO
    • processo de reprodução que assegura a transferência de sinais de um suporte para outro, sem que haja contato (direto ou indireto) entre ambos.
    • “i. a laser”
  • FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE
    • noção ou opinião vaga, sem grande fundamento; palpite. 
    • “tenho a i. de que não vai dar certo”
  • pensamento ou sentimento acerca de algo, que configura um ponto de vista, uma opinião, um comentário (tb. us. no pl.). 
    • “deu suas i. sobre o momento político”

Pelas definições de impressão, podemos dizer que é tudo que nos chega por contato direto aos nossos sentidos como luz, cores, sombras, brilhos, cheiros, tatos, pesos, temperatura, sabores, ou seja, o que invade nossas sensações. Porém há também as impressões que nos chegam “por extensão”, ou seja, são transferidas sem que tenhamos recebido aquela impressão diretamente.

Peguemos por exemplo uma notícia de jornal sobre uma tragédia que nos toca profundamente. Sentimos a dor e tristeza do outro sem que tenhamos vivenciado aquilo. Ou seja, sem que tenhamos recebido a impressão direta do evento. 

Bombardeio de impressões

Somos bombardeados por impressões o dia inteiro. Nosso cérebro somente pode processar conscientemente uma pequena parcela do que absorve de impressões. Muitas das impressões colhidas nem precisam mesmo de nossa atenção. Porém, outras impressões nos atraem como imã. Exemplo é o cheiro de comida boa na hora do almoço. O corpo recebe essa impressão e nos mobiliza para a fome, para receber a comida. No entanto, se não podemos comer naquele momento fica até difícil fazer outra coisa. 

Enfim, somos tomados pelas impressões. Assim, simplesmente reagimos ao que recebemos, se não nos fazemos presentes no momento em que chegam aos nossos sentidos. Logo, para se alimentar corretamente das impressões, é preciso estar no momento, em atenção, em presença. 

Presença e impressões

Estar presente, estar no momento ou desenvolver a atenção são sinônimos para a mesma definição de um estado de presença. Este estado de presença deve ser constantemente desenvolvido pela prática de auto-observação. Desta forma, é pela auto-observação que se recebe as impressões. Inicialmente praticar a auto-observação é difícil, pois, observar a si é trazer a atenção para si. As impressões e o mundo exterior estão o tempo todo roubando nossa atenção. 

Enfim, a abundância de acesso a informação de hoje, que telas e conteúdos digitais nos entregam, deixam nosso cérebro como um cachorro em uma praça correndo atrás dos pombos. Os pombos voam e o cachorro já logo se distrai com outro pombo mais a frente. Corre a tarde inteira até cansar e sem ter feito.

Veja o Bilu se divertindo aí 

Como dito, estar presente não é fácil. Exige treino e prática. Isto vai criando mais capacidade ao longo do tempo. No início, talvez conseguimos estar presente por 3 minutos. Com práticas diárias, de duas ou três vezes por dia, é possível chegar a 15 a 30 minutos diários. Alguém muito preparado talvez consiga estar presente por mais de 2 horas no dia.

No entanto, não adianta ter muita expectativa de resultados iniciais. Também nem é necessário ter tanto resultado. O que buscamos com a presença é qualidade e não quantidade. Estar presente no momento certo é mais importante que horas de presença no momento errado.

Eneagrama e os choques da digestão dos três alimentos
A digestão dos três alimentos no Eneagrama

Por quê estar presente, no momento?

Se não estamos no momento, as impressões que nos invadem vão diretamente para o inconsciente. Desta maneira, acionam automaticamente uma série de associações emocionais e mentais. Estas reações são mecânicas, pois, são frutos de muita repetição.

A própria auto-observação nos mostra o quanto nossa aprendizagem é feita por cópia e repetição. Assim, isto é o que fazemos desde criança. E este hábito de observar, copiar e repetir que também forma nossa personalidade. Por outro lado, nem tudo relacionado a este mecanismo é prejudicial. Boa parte é útil ou precisa de poucos ajustes. Aprender com os outros pela simples cópia é uma imensa maneira de economia de energia. No entanto, viver como uma cópia corresponde a não ter uma alma.

Desta forma, a única maneira de saber o que precisa ser alterado, em sua máquina, é pela auto-observação. Mesmo que se busque um terapeuta, um psicólogo, se você não está presente e se observando, não irá notar como certas impressões entram em você, excitando seus “eus” mecânicos, que vão sempre reagir da maneira que foram criados pelo extenso hábito de repetição.

Por isto, auto-observação é um passo anterior a capacidade de digerir as impressões. A auto-observação ensina, também por repetição, como é  enfadonhas as nossas reações mecânicas. Igualmente, podemos ver a cada momento, como vivemos em um mundo de ilusão e sem vida, uma cópia limitada e descolorida da realidade.

Você é o que você come

Já ouviu falar que você é o que você come? Neste caso, as impressões são os alimentos de nossa alma. Com quais impressões você se alimenta? Com qual quantidade e qualidade? 

Você só ouve ou lê notícias ruins, estando o dia inteiro imerso em discussões da vida? Tem um mínimo de tempo para dedicar a você? Para trabalhar sua capacidade de perceber seu corpo, sua presença, seu peso, sua respiração? Tem lido algo que lhe conecta com idéias superiores ?

Se você somente se alimenta de impressões “pesadas”, é como se alimentar de “fast food” ou porcarias o dia inteiro sempre. É como se sua dieta de impressões fosse desbalanceada. Lhe faltará conteúdos para compor sua digestão de impressões. 

Ao passo que alimentar de impressões como simplesmente estar presente em uma caminhada, junto a natureza, respirando e recebendo, equivale a fazer um “Detox”. É como se alimentar de saladas e sucos. Desta forma, estas impressões  lhe ajudam a digerir todo esse conteúdo estressante da rotina de nossa civilização moderna. 

Ande pela natureza e se alimente com boas impressões

Trabalhando com as impressões

Então, temos duas maneiras de trabalhar às impressões. A primeira é estando presente no momento em que as impressões chegam. A segunda forma é tentado reviver, rememorar o momento. 

Mas neste instante que já avançamos no conceito das impressões, sugiro que faça o exercício de observar a qualidade e quantidade de impressões que você coleta em seu dia a dia. Desta forma será muito mais fácil perceber e entender como digerir as impressões. Em muitos casos, o simples fato de alterar nossa dieta de impressões já nos trás um grande ganho de qualidade de vida. 

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