Os Mistérios de Nossa Alma

Desde os primórdios da humanidade, a alma tem sido um enigma central na busca pelo autoconhecimento e pela compreensão do universo. Filósofos, teólogos e místicos de todas as eras têm tentado decifrar sua natureza, explorando suas profundezas em busca de verdades universais. A alma não é apenas uma entidade abstrata. Afinal, é o núcleo de nossa existência, carregando as marcas de experiências passadas, presentes e coletivas. Esta jornada através das dimensões da alma nos revela como cada aspecto de nossa essência é interligado e influenciado por um vasto e complexo campo de energias e memórias. Ao mergulharmos nas camadas da alma pessoal, ancestral e coletiva, descobrimos que nossas vidas são entrelaçadas com as de nossos antepassados, com as comunidades em que vivemos e com a própria consciência coletiva da humanidade. Compreender essas dimensões é essencial para entender quem somos, de onde viemos e para onde estamos indo, oferecendo-nos uma perspectiva mais ampla e integrativa sobre nossa jornada espiritual e existencial.

Mas o quê é a alma?

A alma humana é um conceito profundo e multifacetado, que atravessa diversas existências e conecta o indivíduo a um tecido mais amplo de memórias e experiências. Neste artigo, exploraremos três dimensões principais da alma: a pessoal, a ancestral e a coletiva. Cada uma dessas dimensões contribui para a complexidade e a profundidade da experiência humana, revelando como nossas vidas atuais são moldadas por uma rica tapeçaria de influências e responsabilidades. Trataremos também sobre a importância da digestão das impressões no processo de crescimento da alma.

1. A Dimensão Pessoal da Alma

A dimensão pessoal da alma é formada não apenas pela acumulação de experiências ao longo da vida atual do indivíduo, mas também pela expressão de sua individualidade ou essência, acumulada ao longo de várias existências. Essa dimensão representa a essência do indivíduo que precisa evoluir ao longo de uma jornada muito maior que a própria vida presente.

Além disso, muitas tradições acreditam que carregamos em nossa alma outras dimensões, como as dimensões de memórias entre vidas (pós morte e pré vida), dimensões de memórias planetárias, dimensões de memórias elementares, como as energias dos elementais, dimensões vegetais e animais. Isso se dá porque o nosso ser biológico evoluiu de um ser mineral, passando por vegetal e animal, até tornar-se um ser humano com uma experiência mais consciente.

Desta forma, cada indivíduo carrega em si memórias que vão muito além de sua hereditariedade ou ancestralidade. Essas memórias são valores que o indivíduo traz consigo independentemente de sua ancestralidade. Algumas dessas memórias reforçam padrões ancestrais, enquanto outras são trabalhadas contra esses padrões ou em prol de sua reforma. Acima de tudo, essas memórias do indivíduo refletem uma experiência individual e não a experiência arquetípica coletiva. Embora a soma dessas experiências individuais possa manifestar-se como um arquétipo, na experiência do indivíduo, elas são percebidas como partes intrínsecas de si mesmo.

Portanto, a alma pessoal é moldada pelas escolhas, desafios e conquistas que cada pessoa encontra em sua jornada. Cada experiência vivida contribui para o crescimento e a evolução da alma, criando um registro único e singular que define a identidade individual.

2. A Dimensão Ancestral da Alma

No entanto, devemos considerar que a alma carrega memórias ancestrais além das experiências pessoais. Estas são influências que vêm de gerações passadas, transmitidas através de laços familiares. São também transmitidas por nossa herança genética. Dessa forma, a alma do indivíduo carrega não apenas suas próprias experiências, mas também as vivências e aprendizagens dos seus antepassados. Essas memórias ancestrais podem manifestar-se como padrões de comportamento, traumas, habilidades ou inclinações que precisam ser trabalhados e compreendidos.

Essa dimensão é observada por muitas pessoas que relatam experiencias de renascimento em várias existências dentro da mesma família ou comunidade, sugerindo um ciclo contínuo de aprendizado e evolução em conjunto com suas raízes ancestrais.

3. A Dimensão Coletiva da Alma

A terceira dimensão da alma é a coletiva. Esta ressoa com histórias e experiências que vão além do pessoal e do ancestral, conectando o indivíduo a um conjunto maior de demandas e responsabilidades coletivas. A dimensão coletiva da alma refere-se a arquétipos e memórias coletivas que são compartilhadas por toda a humanidade. Cada pessoa, consciente ou inconscientemente, carrega parte dessas demandas coletivas não trabalhadas. Esses arquétipos, como definidos por Carl Jung, são padrões universais de comportamento e experiência que influenciam o inconsciente coletivo. Na sua máxima expressão, a alma coletiva busca a harmonização e a integração dessas histórias universais, contribuindo para a evolução da humanidade como um todo.

Impressões: o nutriente da alma

O indivíduo, independentemente do seu nível de consciência, sempre mantém uma relação intrínseca com o ambiente que o cerca. Essa relação é essencial para seu crescimento e sobrevivência. Todo o universo está inserido em um ecossistema interconectado onde cada ser vivo depende das trocas contínuas com o meio ao seu redor. Essas trocas podem ser entendidas em diferentes níveis: desde os processos biológicos mais básicos até as interações afetivas e emocionais.

Trocas Biológicas e Físicas

No nível biológico, o indivíduo participa de uma série de trocas fundamentais que sustentam a vida. Por exemplo:

  • Respiração: A troca de gases entre o organismo e o ambiente é vital. Os seres humanos inalam oxigênio e exalam dióxido de carbono, um processo essencial para a produção de energia celular.
  • Nutrição: A ingestão de alimentos e a digestão envolvem a quebra de substâncias complexas em nutrientes que podem ser absorvidos pelo corpo. Esse processo permite o crescimento, a reparação de tecidos e a produção de energia.
  • Excreção: A eliminação de resíduos metabólicos, como a urina e as fezes, é crucial para manter o equilíbrio interno do organismo e prevenir o acúmulo de substâncias tóxicas.
  • Ciclos Biogeoquímicos: Elementos como carbono, nitrogênio e fósforo circulam continuamente entre os organismos vivos e o ambiente, influenciando a saúde dos ecossistemas e dos próprios seres humanos.

No entanto, assim como os processos biológicos podem ser benéficos, também podem ocorrer degradações e processos nocivos, como a ingestão de substâncias tóxicas e ataques externos de patógenos. Essas influências negativas podem levar a doenças e disfunções biológicas.

Trocas Afetivas e Energéticas

Além das trocas físicas, os indivíduos participam de trocas afetivas e energéticas que são igualmente importantes para seu desenvolvimento emocional e espiritual. Essas trocas podem ser entendidas como impressões ou cargas energéticas que são continuamente carregadas e descarregadas entre as partes envolvidas. Exemplos incluem:

  • Relações Interpessoais: As interações com familiares, amigos, colegas de trabalho e outros membros da comunidade envolvem a troca de emoções, pensamentos e energias. Essas interações podem fortalecer laços, promover o bem-estar emocional e fornecer suporte em momentos de necessidade.
  • Empatia e Comunicação Emocional: A capacidade de entender e compartilhar os sentimentos de outros, conhecida como empatia, é uma forma vital de troca afetiva. A comunicação emocional eficaz permite que os indivíduos expressem e processem suas próprias emoções enquanto conectam-se profundamente com os outros.
  • Influências Culturais e Sociais: Os valores, crenças e normas de uma sociedade influenciam os indivíduos através da socialização. Essas influências moldam comportamentos, atitudes e identidades pessoais, estabelecendo um contexto para a interação contínua com o ambiente social.
  • Energia Espiritual e Impressões Sutis: Sob a ótica de Gurdjieff, as impressões sutis são formas de energia que podem influenciar profundamente o ser humano. Essas impressões, que podem ser tanto positivas quanto negativas, afetam nossos centros mental, emocional e físico, moldando nossas reações e comportamentos de maneiras profundas.
  • Assim como nas trocas biológicas, nas trocas afetivas e energéticas também podem ocorrer interações nocivas. Relações tóxicas, emoções negativas e influências culturais prejudiciais podem causar traumas emocionais e espirituais. Essas trocas nocivas se tornam impressões em nossa alma, influenciando nosso Darma (as virtudes e qualidades que desenvolvemos) e nosso Karma (as consequências das ações e experiências passadas).

Integração das Trocas

Essas trocas, tanto físicas quanto afetivas, são essenciais para o crescimento e a evolução dos indivíduos. A integração dessas trocas permite uma vida equilibrada e saudável, onde o indivíduo está em harmonia consigo mesmo e com o ambiente ao seu redor. O entendimento dessas dinâmicas pode também revelar padrões que influenciam nosso comportamento e nossa saúde, ajudando-nos a navegar nossas vidas com maior consciência e intencionalidade.

As trocas contínuas entre o indivíduo e seu ambiente, sejam elas físicas, biológicas, afetivas ou energéticas, são fundamentais para a manutenção da vida e para o desenvolvimento emocional e espiritual. Compreender e cultivar essas trocas de maneira consciente são necessárias para levar a uma maior harmonia interna e externa, que ressoa através de todos os níveis do ser. No entanto, é igualmente importante perceber todas as impressões e influências nocivas que nossa alma recebe e recebeu em toda a sua jornada para assim aprender a transformar ou liberar essas impressões negativas. Somente assim podemos promover uma verdadeira evolução da alma.

A Digestão das Impressões

Desta forma, Gurdjieff destacava a importância da “digestão das impressões” para a evolução da alma. Quando uma alma consegue processar e assimilar suas experiências de forma clara e concisa, ela pode evoluir para um ciclo superior de consciência, sem carregar cargas existenciais não resolvidas. No entanto, muitas vezes, as almas não conseguem completar essa digestão devido a vários fatores, como níveis baixos de consciência, sentimentos ambíguos, mortes súbitas, uso de entorpecentes ou demências, que levam à perda de entendimento e consciência sobre os eventos vividos.

Além das experiências individuais, as cargas culturais e as imagens que criamos para nós mesmos desempenham um papel significativo na formação da alma pessoal. Essas imagens e personagens, criados através de uma intensa dedicação e demanda contínua, podem tornar-se existências autônomas que operam em paralelo ou acima da própria alma. Esse fenômeno pode ser observado em diversas situações e contextos.

1. Práticas Religiosas e Espirituais

Considere, por exemplo, um monge ou padre que passa a vida inteira em oração, buscando a salvação e tentando escapar das chamas do inferno. A devoção intensa e constante a essas práticas espirituais pode criar uma identidade autônoma que se manifesta como um “eu” religioso, operando quase independentemente da essência mais profunda da pessoa. Este “eu” pode ditar comportamentos, pensamentos e emoções, reforçando continuamente a necessidade de orar e seguir os preceitos religiosos para evitar a condenação.

2. Submissão e Rotinas Mecânicas

Pessoas submetidas a rotinas mecânicas e de submissão também exemplificam essa criação de existências autônomas. Trabalhadores em fábricas que repetem os mesmos movimentos diariamente podem desenvolver um “eu” mecânico, uma parte de si que funciona automaticamente, desligada do seu verdadeiro eu. Essa identidade é moldada pela repetição incessante de tarefas e pela falta de variação ou criatividade no trabalho. Com o tempo, o “eu” mecânico pode dominar a vida do indivíduo, tornando-o quase uma máquina.

3. Poder e Manipulação

Indivíduos que possuem poder e manipulação sobre os outros frequentemente desenvolvem um “eu” autoritário. Por exemplo, líderes políticos ou empresariais que exercem controle sobre grandes grupos de pessoas podem criar uma identidade baseada no poder e na dominação. Este “eu” autoritário pode operar independentemente das necessidades e emoções mais profundas do indivíduo, focando unicamente em manter e expandir o controle e a influência. A busca constante por poder reforça essa identidade, que pode se tornar tão dominante que o indivíduo perde contato com sua essência mais verdadeira e compassiva.

4. Práticas Intensivas e Especialização

Além disso, aqueles que se dedicam intensivamente a uma prática específica, como artistas, atletas ou acadêmicos, podem criar identidades autônomas relacionadas à sua especialização. Por exemplo, um pianista que pratica horas a fio todos os dias pode desenvolver um “eu” musical, uma identidade que vive para a música e se define através dela. Embora essa identidade possa trazer sucesso e reconhecimento, também pode levar ao desequilíbrio se o “eu” musical suprimir outras partes importantes da alma do indivíduo.

5. Resistência e Rebelião

Por outro lado, aqueles que vivem em constante resistência ou rebelião contra normas culturais e sociais podem desenvolver um “eu” rebelde. Este “eu” é alimentado pela oposição contínua e pela luta contra a conformidade. Enquanto essa identidade pode ser crucial para a mudança social e pessoal, também pode se tornar autônoma, levando o indivíduo a se definir unicamente através do conflito e da resistência, perdendo a conexão com outras facetas de sua existência.

Essas identidades autônomas, sejam elas religiosas, mecânicas, autoritárias, especializadas ou rebeldes, ilustram como a intensa dedicação e demanda contínua sobre uma necessidade específica podem criar existências paralelas dentro da alma. Mais ainda, tais existências podem sobreviver ao processo da renovação promovido pelo renascimento. Dessa forma, retornam em uma nova existência como cargas ou impressões não resolvidas.

Impressões e os Três Centros

Como vimos nos exemplos acima, para Gurdjieff, a digestão das impressões é um conceito central para o desenvolvimento pessoal e espiritual. Ele acreditava que determinadas impressões recebidas através dos nossos sentidos têm um impacto profundo e duradouro em nossos centros mentais, emocionais e físicos. Gurdjieff ensinava que, para evoluir e alcançar um estado de consciência superior, é necessário aprender a “digerir” essas impressões de maneira eficaz.

Gurdjieff dividia o ser humano em três centros principais:

  • Centro Intelectual (mente): Recebe e processa impressões relacionadas ao pensamento e à lógica.
  • Centro Emocional (emoções): Lida com impressões que afetam nossos sentimentos e reações emocionais.
  • Centro Motor (corpo): Processa impressões que se manifestam através de ações físicas e comportamentais.
  • Impressões podem afetar um ou mais desses centros, dependendo da intensidade e da natureza da experiência. Algumas impressões são superficiais e afetam apenas um centro, enquanto outras, mais fortes, podem impactar simultaneamente os três centros, criando reações profundas e automáticas.

De acordo com Gurdjieff, nossa falta de consciência e presença faz com que respondamos automaticamente às impressões, baseando-nos em padrões de comportamento previamente estabelecidos por experiências passadas, sejam elas positivas ou negativas. Esse comportamento reativo nos impede de alcançar um verdadeiro desenvolvimento espiritual, pois nos mantém presos em ciclos de resposta automática.

Podemos dizer de maneira simplificada que essa mesma ideia é frequentemente explorada na psicologia moderna através do conceito de condicionamento de comportamento. A psicologia comportamental, desenvolvida por cientistas como Ivan Pavlov e B.F. Skinner, demonstrou que os comportamentos humanos podem ser condicionados através de estímulos repetidos. Experiências passadas, especialmente aquelas associadas a fortes emoções, criam padrões automáticos de resposta que são difíceis de mudar.

  • Condicionamento Clássico: Pavlov demonstrou que respostas automáticas podem ser condicionadas através da associação repetida de um estímulo neutro com um estímulo significativo. No contexto humano, isso pode significar que experiências traumáticas ou intensamente emocionais criam respostas automáticas que são desencadeadas por estímulos semelhantes no futuro.
  • Condicionamento Operante: Skinner expandiu essa ideia para incluir a maneira como as consequências de um comportamento influenciam sua repetição futura. Recompensas e punições moldam o comportamento, criando padrões que podem ser difíceis de quebrar sem intervenção consciente.

Esses padrões condicionados são análogos às impressões não digeridas descritas por Gurdjieff. Sem um esforço consciente para reconhecer e processar essas impressões, continuamos a reagir automaticamente, perpetuando ciclos de comportamento que podem ser limitantes ou prejudiciais.

Contudo, devemos lembrar que estamos aqui debatendo não a existência de um condicionamento operante em nossas vidas, mas, de padrões acumulados por nossa alma, seja pela ancestralidade, pelo coletivo ou pela experiência individual. Padrões que se repetem pela carga que trazemos de nossas impressões não digeridas por muitas e muitas gerações.

Mas como fazer a digestão das impressões?

Gurdjieff argumentava que meditações simples ou práticas espirituais não são suficientes para digerir impressões de forma eficaz. Por isso ele desenvolveu métodos integrativos complexos que visavam transformar este trabalho em uma espécie de “pílula”, acelerando o desenvolvimento do indivíduo. Essas práticas integrativas envolviam um trabalho profundo e consciente em todos os três centros simultaneamente, promovendo uma verdadeira transformação e evolução.

Todavia, o que devemos buscar com tal digestão das impressões? Antes de tudo, podemos traçar um paralelo com tal digestão ao processo designado como Catarse.

Catarse e a Gestão das Impressões

A ideia de Gurdjieff sobre a digestão das impressões pode ser relacionada ao conceito de catarse, tanto no antigo conceito filosófico quanto na atual psicologia moderna. Ambas as ideias envolvem o processamento profundo de experiências emocionais e psicológicas para promover a cura e o desenvolvimento pessoal. No entanto, Gurdjieff ia além, enfatizando a necessidade de uma abordagem integrativa que envolvesse todos os aspectos do ser humano (mental, emocional e físico) para alcançar uma transformação completa.

O Conceito de Catarse

Histórico do Termo

Na filosofia grega, o termo “catarse” foi originalmente utilizado por Aristóteles na sua obra Poética. Ele descrevia a catarse como uma purificação emocional que os espectadores experimentam ao assistir uma tragédia. A ideia era que, ao vivenciar emoções fortes como medo e piedade através da arte, os espectadores se purificavam e alcançavam uma renovação emocional. Ainda usamos muito dessa técnica ao nos identificar com as histórias das séries e filmes nos streamings que tanto amamos ver.

Na psicologia moderna, o conceito de catarse foi desenvolvido por Sigmund Freud e Josef Breuer no final do século XIX. Eles utilizavam o termo para descrever o processo de liberação e alívio emocional que ocorre quando uma pessoa revisita e expressa sentimentos reprimidos. Através da catarse, pacientes podiam liberar traumas e tensões internas, promovendo a cura psicológica. Irei voltar ao tema no próximo artigo.

A Necessidade da Catarse para a Digestão das Impressões

A catarse é um processo essencial para a digestão das impressões porque permite a liberação de energias emocionais reprimidas e tensões acumuladas. Na psicologia, a catarse é vista como uma forma de purificação emocional, onde sentimentos intensos e frequentemente reprimidos são expressos e liberados, proporcionando alívio e clareza mental.

Para Gurdjieff, a catarse era mais do que uma simples liberação emocional. Afinal, ela é uma etapa crucial na digestão das impressões. Quando recebemos uma impressão forte, ela não apenas afeta nossa mente, mas também nossas emoções e nosso corpo. Sem uma catarse adequada, essas impressões permanecem não digeridas, criando bloqueios e padrões de comportamento automáticos que nos impedem de evoluir.

A Energia Liberada e Sua Reintegração

Após a catarse e a liberação da energia emocional reprimida, é fundamental que essa energia seja reintegrada e utilizada para a evolução da alma. Gurdjieff acreditava que a energia liberada através da digestão das impressões pode ser transformada e direcionada para o desenvolvimento dos centros mentais, emocionais e físicos.

  • Reintegração Mental: A clareza mental alcançada após a catarse permite uma melhor compreensão das impressões recebidas, facilitando a tomada de decisões conscientes e a quebra de padrões de pensamento automáticos.
  • Reintegração Emocional: A liberação emocional ajuda a estabilizar o estado emocional do indivíduo, permitindo uma resposta mais equilibrada e consciente às futuras impressões. Isso fortalece o centro emocional, promovendo maior resiliência e empatia.
  • Reintegração Física: A energia física liberada durante a catarse pode ser redirecionada para práticas que fortalecem o corpo e melhoram a saúde geral, como exercícios físicos, dança ou outras atividades que envolvem movimento consciente.

Evolução da Alma

Para Gurdjieff, a verdadeira evolução da alma depende da capacidade de digerir as impressões de maneira completa e integrativa. A catarse, ao liberar energia emocional reprimida, abre caminho para essa digestão, permitindo que o indivíduo utilize a energia liberada para seu crescimento espiritual e pessoal. A energia reintegrada fortalece todos os aspectos do ser, promovendo a liberação de cargas da alma criadas por nós, herdadas ou recebidas.

Conclusão

A catarse é um componente vital para a digestão das impressões segundo Gurdjieff, proporcionando a liberação necessária de energias reprimidas e a reintegração dessa energia para o crescimento da alma. Ao integrar mental, emocional e fisicamente as impressões recebidas, o indivíduo pode quebrar ciclos de comportamento automático e alcançar uma evolução mais rápida e completa. As práticas de Gurdjieff assim como outras práticas terapêuticas que discutiremos em um próximo artigo oferecem um caminho estruturado para essa transformação, enfatizando a importância da digestão das impressões acumuladas em nossa alma.

PS: depois de uma longa pausa, retorno com as publicações. Agradeço os incentivos recebidos para o retorno.

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