Depois da primeira postagem sobre a Lei de Três e receber alguns feedbacks achei que vale a pena falar um pouco do que é a filosofia de Gurdjieff, também conhecida como o Quarto Caminho. George Ivanovich Gurdjieff foi um filósofo, músico, coreógrafo e místico nascido em torno de 1870 na Georgia vindo a falecer na França, Paris em 1949. Sobre ele, seu desenvolvimento e suas peripécias (que foram muitas) vamos falar mais em outros posts. Gurdjieff nunca deixou um receituário completo ou uma denominação específica ao seu sistema. Podemos dizer que o grande trabalho de Gurdjieff é o do desenvolvimento da consciência humana. Assim, a frase abaixo exemplifica sua motivação:
“The evolution of man is the evolution of his consciousness. And ‘consciousness’ cannot evolve unconsciously. The evolution of man is the evolution of his will, and ‘will’ cannot evolve involuntarily. The evolution of man is the evolution of his power of doing, and ‘doing’ cannot be the result of things which ‘happen’.”
(a evolução do ser humano é a evolução de sua consciência e consciência não desenvolve inconscientemente. A evolução do ser humano é a evolução de sua vontade e a vontade não desenvolve involuntariamente. A evolução do ser humano é a evolução do seu poder de realizar/fazer, e realizar/fazer não pode ser o resultado de coisas que simplesmente acontecem)
Para Gurdjieff, o desenvolvimento humano necessita ocorrer de forma integral. Hoje, este termo é usado de forma ampla. No entanto, era uma grande ruptura de paradigma em uma sociedade ocidental, européia ao final da era vitoriana. Mesmo assim, foram anos até a psicologia ocidental passar a incorporar esta necessidade em seus estudos e ainda com ressalvas.
Com o tempo, grupos e estudantes de Gurdjieff passaram a chamar este sistema de desenvolvimento de Quarto Caminho. Isto porque Gurdjieff, em um de seus ensinamentos, utiliza a seguinte figura de linguagem para descrever os quatro sistemas de desenvolvimento humano, conforme vamos explicar abaixo.
O Fakir
Existem no caminho do desenvolvimento do ser humano três caminhos. O primeiro é o caminho do fakir. O fakir é uma pessoa que testa a sua vontade contra seu próprio desconforto físico. E com isto o fakir desenvolve um grande poder de submeter sua vontade a si, no entanto, esta ação tem pouca valia como benefício para si e para a humanidade. Assim, o caminho do fakir é o caminho do corpo.
Fakir em uma cama de pregos – quem vai querer testar isso?
O Monge
O segundo caminho é o do monge. O sistema do monge é de desenvolver a emoção, onde o neófito terá de trilhar um longo caminho de devoção com a intensão de anular sua individualidade buscando uma união sagrada com o Divino. Desta maneira, este sistema já é mais útil a humanidade, porém, é muito árduo e poucos são os que realmente conseguem trilhá-lo e atingir um grau de santidade.
Uniformes desprovidos de adereços como reforço a anulação a identidade
O Iogui
O sistema de desenvolvimento do iogui é o terceiro método. Este é o caminho do intelecto. E por isto, a iluminação é obtida pelo contato com o conhecimento direto da realidade objetiva. Desta maneira, o iogui conhece o caminho e sabe o que tem de fazer. No entanto, a maioria não tem o poder de realização e transformação necessária para assim executar o que precisa ser feito em si. Logo, falta ao iogue o poder de realização obtido pelo fakir e do engajamento emocional do monge para direção e motivação. Então, muitos se tornam “livros empoeirados em estantes” ou falsos gurus.
Já fui até o centro do universo e voltei..
O Quarto Caminho
Então, todos estes três sistemas pecam pela falta de integração entre si. E esta integração entre o caminho do fakir, monge e iogue é que está presente no que Gurdjieff propôs como o Quarto Caminho do desenvolvimento humano. Logo, o Quarto Caminho é o caminho do “sly person“. Em tradução pode-se dizer que é o sistema do astuto, do esperto. Assim, a pessoa astuta deve aprender por si obter o melhor dos três sistemas e cunhar uma pílula. Tal pílula, ao ser ingerida, lhe transformará. Soma ainda outro ponto importante que este sistema deve ser desenvolvido dentro da vida cotidiana da pessoa. Ao contrário de outros caminhos que exigem do parte praticante total reclusão e dedicação.
Concluíndo, foi por esta história que a filosofia de Gurdjieff e seu trabalho de consciência ganhou o nome de o Quarto Caminho. Assim, mais adiante, vamos falar sobre todos estes caminhos. Ainda há muito o que dizer sobre este sistema, incluindo as Lei de Três e de Quatro, os três centros “mentais” e a necessidade de aprender a trabalhar com harmonia entre estes centros.
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