Só Jesus salva!

Esse texto já começou com uma história. Primeiro tive de enfrentar minha indisposição em escrever para a publicação de sábado. Além da inércia habitual encontrei uma dúvida da necessidade de publicar entre o Natal e Ano Novo. Mas vamos lá! Pois, onde está meu compromisso? Acabo de escrever minhas 1300 palavras sobre Gurdjieff, Jesus Cristo e suas influências. Ao fim do texto já estou com outra disposição.

Foi quando me preparava para a revisão final no computador que o texto simplesmente desapareceu nas nuvens. Sumiu! Todo aquele belo texto. Toda aquela inspiração e trabalho simplesmente desapareceu. Sentimento parecido como quem deve ter visto o incêndio da biblioteca de Constantinopla (acho que estou exagerando aqui minha perda né?).

Respira, desapega, segue o momento.

Para quê adianta ler e estudar tanto sobre Quarto Caminho se na hora de usar não sou capaz? Para andar precisamos de atrito. Então só resta continuar. Vou tentar resumir o que escrevi. Meu sentimento é que infelizmente a inspiração que veio já foi. Mesmo que me esforce, não há como repetir uma mesma obra. Essa infelizmente morreu no tempo. Porém, uma nova inspiração vai surgir.

A religião e o Quarto Caminho

Não existem incompatibilidades entre a religião e o Quarto Caminho. A religião é entendida como parte de um processo. Os exercícios psicológicos que entramos em contato com o Quarto Caminho não estão em conflito com os sistemas religiosos. Na verdade, aprofundamos nosso conhecimento e entendimento dos processos religiosos com tais práticas. Desta maneira é possível aproveitar com maior qualidade todas as experiências religiosas.

Estamos em grande maioria influenciados pela cristandade aqui no Brasil. Por isso até sinto-me mais confortável em falar sobre essa religião.

Cristo o iniciado?

Todos sabem que Cristo era antes de mais nada um judeu. No entanto, algumas teorias colocam Jesus Cristo como um iniciado em outro sistema além do judaísmo. Da mesma forma Gurdjieff recebeu influências de vários sistemas e religiões. Gurdjieff viajou pela Ásia, Europa central, Oriente Médio e Egito. Conheceu e estudou diversos sistemas religiosos e filosóficos. Desta maneira pode extrair o melhor de cada um desses sistemas para formular suas teorias. Talvez Gurdjieff foi um dos primeiros a trazer de forma prática o estudo comparativo das religiões. No entanto, ele foi além da filosofia, trazendo para o uso do desenvolvimento humano.

Gurdjieff, assim como Jesus Cristo foi um reformador de sistemas. Claro que não comparo Gurdjieff a Jesus. Ele mesmo dizia que o único cristão da terra foi Jesus. Não sou um especialista em história das religiões. No entanto, não há nenhuma fonte explícita mostrando Jesus com a intenção de criar uma nova religião. O que Jesus e Gurdjieff possuem em comum nos seus ensinamentos é a busca pelo entendimento e o desenvolvimento da consciência. Além disso, a vontade de disseminar esse entendimento apropriado sobre o “reino do Céu”.

Mas de onde vem a influência reformista de Jesus e de Gurdjieff?

E por quê ambos não revelaram explicitamente suas fontes de influência? Qual a escola fonte de seus ensinamentos?

Eu acredito que ambos revelaram a origem de seus conhecimentos. É a mesma origem de todas as religiões. Chama-se conhecimento esotérico. O conhecimento esotérico é a única fonte comum a tudo. Existirá tantas religiões e sistemas espirituais quanto a criatividade permitir e a necessidade requisitar.

O conhecimento esotérico é a grande lei que tudo governa. É como a gravidade que atua em corpos de musulmanos, cristãos, judeus, ateus, budistas e o que mais for. Não faz distinção de crenças. Assim como a lei da gravidade, as leis do conhecimento esotérico atuam igualmente sob todas as religiões.

O círculo exotérico e o círculo esotérico.

As antigas escolas possuíam dois
círculos de ensinamento. O primeiro era um círculo exterior que falava sobre coisas materiais e perceptíveis. O segundo círculo falava sobre o conhecimento não perceptível, não palpável. Para ter acesso ao segundo círculo é necessário desenvolver o entendimento e a percepção refinada, não automática e reativa do corpo.

Essa segunda percepção sobre os aspectos sutis da matéria que se denomina o conhecimento esotérico. Por isso os grandes mestres acabam por falar além de seus sistemas religiosos. Quanto maior for o mestre, mais próximo será seus ensinamentos de uma universalidade espiritual.

Nova religião?

Então, tenho minhas dúvidas se Jesus buscava criar uma nova religião. Porém, tenho certeza de que ele veio para nos ensinar a ver além da mecânica dos ritos e regras morais ditadas pelos sistemas religiosos.

A religião através de ritos e regras morais são sistemas que ajudam o fiel a ganhar o conhecimento e obter experiências necessárias para passar do círculo exotérico para o círculo esotérico. Dessa forma, os ritos são como âncoras para a mente permitindo que a mesma se ocupe e concentre em uma tarefa enquanto se liberta a atenção. A livre atenção é que permite observar os fenômenos sutis. Além disso, os ritos juntamente com as regras morais criam o atrito necessário para o crescimento do corpo moral do crente. O corpo moral é um reflexo da alma de uma pessoa, chegando a ser sinônimo. No entanto, o crente deve passar de regras exteriores impostas pela religião para o livre arbítrio e entrega voluntária da aplicação de sua vontade. Logo, é pelo entendimento que se muda do círculo exotérico para o círculo esotérico.

O conhecimento esotérico não pertence a ninguém. Nenhum sistema religioso é dono desse conhecimento. Da mesma forma, nenhuma escola, incluindo o Quarto Caminho possui propriedade sobre essa força. Ao contrário, todas as forças e sistemas são fruto dessa fonte e para ela que trabalham.

Desenvolvimento humano

Buscamos crescer como seres humanos, desenvolver nossa psicologia, liberando o condicionamento operante de nossas paixões. Ser um humano livre não tem nada a ver com o conceito ocidental de poder ir a onde quiser e fazer o que quiser. É sobre ser livre de seus hábitos e paixões mecânicas. Assim, ser livre é aprender a ser dono de seu mundo interior independente do que acontece em seu mundo exterior. Independente se seu artigo sumiu nas nuvens cibernéticas, se há uma pandemia que tolhe nossa locomoção, crises ou benesses.

Estamos sob o domínio de fariseus.

Jesus veio para ser rei, não de reinos terrenos. Ele veio para ser rei de si e aplicar sua vontade ao seu desejo. Então, dessa forma poder ensinar a outros o verdadeiro caminho de liberação. Em sua história nos é contado que nasceu em manjedoura como símbolo de humildade. É uma imagem que hoje em dia nos choca. Como um mestre com tanto conhecimento esotérico pode ser uma pessoa simples e desprovida de “poder e riquezas” terrenos? Simples, porque um não implica no outro. Assim como Sidarta Gautama nasceu em berço de ouro e teve de abandoná-lo para encontrar sua luz.

Recebemos o conhecimento esotérico como um bebê que nasce em um local pobre. Esse local pobre é a nossa própria alma. E somos governados por fariseus assassinos de crianças. Nossa primeira missão é acolher essa criança protegendo de nosso fariseu. Se não tomamos essa ação não há esperança. Iremos viver a vida ilusória de quem mente nos governar.

Só Jesus salva.

Deixa eu explicar essa frase. Tem uma anedota de que o diabo veio à Terra buscar as almas de todos pelas leis do juízo final. Então o povo clamou por misericórdia e Cristo veio à Terra. Como não sabiam como resolver essa disputa decidiram por um concurso de datilografia em um computador. Quem digitasse o maior número de palavras em um computador ganhava as almas. O diabo datilografava como ele próprio. Enquanto que Jesus era um cata milho, uma tecla por minuto. O povo já estava desesperado vendo que todos iriam para a danação. Ao se aproximar do fim do dia, o diabo já tinha datilografado um milhão de páginas e Jesus nem cinco. Foi quando a luz acabou faltando 2 segundos. Ao retornar a luz os juízes foram averiguar quem ganhou. E pasmem Jesus ganhou! O texto do diabo tinha zero páginas e se perdeu quando acabou a luz. A explicação? Só Jesus salva!

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