Brinquei na na minha página no Instagram sobre o que as pessoas gostariam que eu falasse na próxima postagem do blog. As opções foram: Lei de Sete, sacrifício, observação e como fazer um bolo com o Eneagrama.
Quer saber qual que ganhou? Foram todas. Pois resolvi dizer como a Lei de Sete acontece no dia a dia, dentro de eventos corriqueiros de nosso cotidiano, como isto se conecta com sacrifício e auto-observação. Bom, e como vou ligar todos estes assuntos? Que tal fazer um bolo seguindo a receita do Eneagrama? Parece difícil? Você verá que é mais fácil que imagina.
A Lei de Sete
Antes vale lembrar que já discorri bastante sobre a Lei de Três, ou o triângulo presente dentro do Eneagrama. Este triângulo traz o significado das forças ativas, reativas e da força de reconciliação que harmoniza um movimento. Então você pode acessar as postagens aqui sobre este tema para uma revisão.
A Lei de Sete é representada dentro do Eneagrama pelo heptagrama da figura abaixo e pela dízima periódica obtida ao dividir um número por 7. Se dividimos 9 por 7 obtém-se 1,2857142857… se dividimos 5 por 7 obtém-se 0,7142857142… Logo, o heptagrama com suas flechas mostra o percurso interno do Eneagrama (ponto 1,4,2,8,5,7, retorno ao 1). Este caminho interno ocorre de maneira simultânea ao percurso do círculo (9,1,2,3,4,5,6,7,8, retorno ao 9).
Bom, isto descreve como a Lei de Sete está simbolizado no Eneagrama, mas, não explica como a mesma atua, e, qual a importância desta lei na dinâmica dos processos. A palavra processo aqui é fundamental. A Lei de Sete tem como função trazer dinâmica ao processo da vida. A vida é uma transformação de energias. Desta maneira, todo processo que participamos, voluntariamente ou não, são processos de transformação de energia.
Lei de sete e Lei de Três
Imagine que queremos fazer um bolo. Então, temos aqui uma vontade. É só isso que temos inicialmente. No entanto, se essa vontade for forte suficiente, teremos um bolo após executar algumas atividades. Então, a Lei de Sete é este processo que liga uma vontade até sua realização materializada. Em outras palavras, é o que leva a vontade do plano das idéias até o plano da realizações físicas e materiais.
Então, querer fazer um bolo é só uma vontade. Para termos um bolo, este sujeito “eu” que deseja fazer o bolo terá de usar materiais e equipamentos, e, após seguir um processo, ter um bolo feito. Logo temos três partes que participam deste processo:
Trazendo a explicação para uma forma mais geral, temos que em qualquer processo haverá três partes atuantes.
No caso que resolvi pegar como exemplo, esperamos com isto ter um bolo ao final desta atividade.
Lei de sete, o risco da transformação
Todos os processos em uma atividade requerem entradas externas ao próprio processo de trasnformaçāo. Assim, para se fazer um bolo, usamos os recursos físicos: batedeira, os ingredientes, os processos (a receita), o forno (fogo). Soma-se a estes recursos físicos o recurso humano. Estes recursos são externos ao processo de transformação do bolo em si.
Porém, também existe algo entrópico, algo interno e pertencente somente ao bolo que é a transformação química de todos estes ingredientes que quando dispostos e misturados em uma determinada ordem geram uma massa. Esta massa ao ser aquecida vai fazer acontecer o “milagre” da transformação de massa para bolo por si só.
No entanto, existem vários riscos neste processo.
Para tanto, o “eu” metido a cozinheiro, que resolveu fazer o bolo, deve realizar pequenos choques externos ao longo do processo e, com isto, garantir que todos os riscos estão sendo controlados.
Desta forma, este cozinheiro deve verificar se a temperatura do forno está certa, se todos os ingredientes estão na quantidade e qualidade certa, se o processo foi seguido, se a receita (processo) já foi validada, se o bolo está crescendo, regular a temperatura do calor do forno pelo tempo de cozimento interno e evitar que a parte externa do bolo queime, etc.
Aqui reside a necessidade de atenção ao processo e sacrifício. Se não estamos presentes na ação de cozinhar, aumenta em muito o risco de um erro irreparável acontecer. Da mesma forma, para estar presente neste momento não se pode estar em outro lugar, fazendo outra coisa. Então, fazer algo com dedicação é também uma ação de sacrifício a este algo. Logo, há um sacrifício de dedicação a este bolo. Ao mesmo tempo, outras opções do que fazer com sua atenção foram sacrificadas pela escolha de querer fazer o bolo.
A participação do “eu” neste processo da Lei de Sete
A participação do “eu” em um processo é saber em que momentos atuamos e em que momentos somos meros passageiros da vida. É saber fazer e não fazer ao mesmo tempo. Se o cozinheiro coloca excesso de ação em fazer o bolo, este pode destruir o objeto final. Podemos ter como exemplo a ação de abrir a porta do forno a todo momento. No entanto, se o cozinheiro fica passivamente observando as coisas acontecerem, ele pode se tornar vítima do acaso. Desta forma, ele pode descobrir que lhe falta gás no forno.
Assim, estes pequenos choques externos de interação com o processo, em uma proporção correta, reforça a vontade do “eu”, metido a cozinheiro, de atingir o resultado final do projeto.
É como se fossemos “energizando” o processo com o reforço consciente de que queremos atingir o objetivo final e, assim, atender a vontade original. Conforme dito, esta atividade consciente exige observação, presença e sacrifício. No entanto, há outros riscos que nos desviam de chegar em nosso objetivo final.
Os riscos externos
Se por um lado há riscos internos do processo, por outro lado há os riscos provenientes de fora do processo. Riscos como ter de atender uma ligação, se distrair e deixar o bolo queimar. Quem nunca esteve sozinho em casa e o telefone ficou justamente quando entrou debaixo do chuveiro ?
Esta é uma lei que faz parte do processo. Algo irá tentar roubar sua atenção neste momento crítico. Sua criança irá chorar, alguém vai exigir sua atenção, algo nada a ver com o que você está comprometido irá tentar lhe puxar para outro processo. Então, neste momento, provavelmente você terá de realizar mais de uma coisa ao mesmo tempo. Terá de resolver algo de outro processo enquanto fecha o seu processo de ter o seu bolo pronto.
A batalha final
A batalha final ocorre quando alguma força muito grande tenta nos desviar do nosso projeto. Ao mesmo tempo, se algo acontecer externamente, e, nossa vontade não era tão grande assim, logo abandonamos o processo sem terminar. Porém, quando estamos em um ponto que não há mais retorno e existe vontade de continuar, temos de buscar energias além das que acreditamos ter.
Neste caso, estas energias podem ser internas mesmo, algum esforço extra de ter de resolver mais de uma coisa para prosseguir. É como se tivesse de pagar um imposto por ter tentado fazer algo. Então, temos de pagar com este esforço extra.
Todavia, esta energia extra pode também vir como uma ajuda externa. Um chamado de ajuda que pode ser atendido por outra pessoa da casa ou um amigo.
Bom, temos muito ainda para explorar. No momento acredito que seja suficiente para entender um pouco mais da Lei de Sete. Fica o convite de observar estes desdobramentos acontecendo durante o seu dia, enquanto executa algo. Depois conta aí pra mim o que achou disso. Na semana que vemcontinuamos com a parte 2.
Veja também:
Continue lendo:
- Mecanismos de Defesa do Ego: Navegando entre a Proteção e a Ilusão
- Formação do Ego e a Alma Primitiva
- A Primitividade da Alma
- Parte 2: A Digestão das Impressões e a Terapia de Vidas Passadas
- Os Mistérios de Nossa Alma
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3 comentários em “Lei de Sete, a lei da transformação – parte 1”