A jornada de nossa alma, ou seja, de onde nossa alma vem e para onde vai, pode ser explicada por diferentes filosofias. Reencarnação, ressureição e o eterno retorno são alguns exemplos. Para um modelo materialista assume-se que nascemos, morremos, e, com sorte, transmitimos nossos genes para uma nova geração. Assim, nesta filosofia não há necessidade de dar nenhuma outra explicação a existência da alma, pois, somos matéria e para matéria voltamos.
Filosofias sobre a jornada da alma
Contudo, um modelo mais espiritualista poderá dizer que existe um reino do céu e outro infernal onde pagamos nossos pecados. Desta maneira, ao morrer vamos para um desses locais dependendo de nossas ações nesta vida. Podemos desfrutar de um paraíso ou sofrer no reino infernal para expurgar nossos pecados até sermos salvos e assim retornar ao céu. Seja isso verdade, este modelo é adotado predominantemente no cristianismo e também parte da crença de muitos brasileiros pela influência de uma sociedade com ampla maioria cristã.
A filosofia reencarnacionista também é muito difundida pelos brasileiros. Neste modelo temos que a alma retorna a Terra mas habitando outro corpo. E assim busca na Terra expurgar seus pecados na tentativa de evoluir. No entanto, as pessoas ainda estão em baixo nível de consciência e repetem erros. desta forma, esta filosofia se diz que precisamos sofrer para aprender ou pagar nossas dívidas carmicas.
O modelo espírita sofreu forte influência do Budismo que foi fonte de inspiração para o movimento do século 18 de vários espiritualistas da Europa e Estados Unidos. Mais ainda, algumas tradições budistas, hindus e indígenas acreditam que a alma pode involuir. Desta maneira, podemos retornar como plantas, animais e até seres elementais por não termos usado nossa oportunidade humana de forma adequada.
O eterno retorno
Uma outra filosofia diferente para explicar a jornada da alma é a recorrência da alma, ou a teoria do eterno retorno. Este modelo é muito parecido com o que vemos na filosofia do eterno retorno de Friedrich Nietzsche. Igualmente, esta filosofia foi muito defendida por Ouspensky e Rodney Collin, alunos de Gurdjieff que desenvolveram seus trabalhos muito influenciados pelo Quarto Caminho.
Nesta filosofia do eterno retorno, vivemos hoje uma impressão no tempo e espaço infinito que irá sempre se repetir indefinidamente. Então, nesta filosofia não há reencarnação e sim um infinito “dia da marmota”. Para quem não lembra este é o dia em que o personagem de Bill Murray, Phil, um meteorologista arrogante, fica preso indefinidamente em um mesmo dia. Naquele dia em que uma marmota coloca a cabeça para fora da toca e, com isso, define se o inverno encerra ou ainda persiste por semanas. O filme chama “O feitiço do tempo”.
Atualmente tenho notado que muitas pessoas sentem-se presas no “dia da marmota”, ou seja, dentro de uma recorrência. Ao passo que esta sensação ocorre pela diminuição de nossas rotinas externas devido a necessidade de isolamento social. Estamos vivendo em um pequeno mundo recorrente onde repetimos sempre as mesmas coisas reclusos em nossas casas. Por outro lado é uma ilusão acreditar que vivíamos diferentes quando não estávamos reclusos. Da mesma forma, só não estávamos tão atentos a este fato. Definitivamente, a vida exterior rouba nossa atenção e esconde a mecânica de nossas rotinas. Decerto, reclusos, fica mais claro tomarmos consciência deste fato desagradável.
9 coisas para se pensar sobre o eterno retorno
Afinal, pode ser útil pensar que a vida segue um modelo do eterno retorno. Assim, podemos refletir sobre estes nove pontos do Trabalho Interior:
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Vivemos em um mundo mecânico, e, por isso, repetimos indefinidamente o que fazemos
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Não há culpa em nossos erros, pois, agimos simplesmente dentro de um mundo mecânico. O sentimento verdadeiro de remorso somente existe aos que desenvolvem consciência
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O nível de nosso Ser atrai tudo que ocorre em nossas vidas. E nossas vidas são reflexos desta atração do nível de nosso Ser
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Entender o tempo e espaço infinito recorrente permite perceber que nossas ações interferem diretamente em nosso passado tanto quanto em nosso futuro
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Podemos atuar no hoje de forma consciente, alterando nosso passado e interferindo em nosso futuro
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O que fazemos de forma consciente para mudar nossas vidas altera não só as nossas vidas mas também a vida dos que nos cercam. Alteramos as vidas de nossos pais, de nossos filhos e da nossa comunidade.
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Não há como fugir desse ciclo recorrente que não seja pelo trabalho interior
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A libertação deste eterno ciclo requer que paguemos por isto através do Trabalho consciente e sofrimento intencional
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Somente quem constrói sua própria alma consegue ser dono de seu próprio destino, deixando de ser vítima da inconsciência, do sonambulismo que a humanidade vive
Por isso, devemos nos observar em primeiro lugar, assim como faz Phil, o personagem do feitiço do tempo. Ganhar consciência de que estamos presos em um ciclo sem fim de ações mecânicas. Ou seja, um mundo vazio interior preenchido pela simples reação provocada pelas ações de eventos externos oriundos da vida. Dessa forma, somente hál esperança de mudança quando estamos desiludidos suficiente com nós mesmos. Logo, convencidos de que nossas ações mecânicas não nos levaram a nenhum novo evento em nossas vidas, a nenhuma transformação.
O eterno retorno do dia da marmota
No filme, Phil, o arrogante meteorologista tenta de tudo para evitar o confronto interior. Evita ao máximo descobrir e aceitar o verdadeiro estado de seu Ser. Por vez, tal confronto torna-se impossível de ser negado, levando o personagem ao desespero. Somente após muita negação que o personagem passa a aceitar seu destino e afirmar o Trabalho Consciente, abrindo-se para uma Terceira força transformadora. Tal trabalho o leva ao verdadeiro sofrimento voluntário ao qual cada indivíduo necessita submeter-se: o sofrimento de digerir a si mesmo para transformar-se.
Este é o meu filme preferido da pandemia e recomendo a todos ver ou rever esta história sob a ótica do eterno retorno e do Trabalho Interior. Você pode ver o filme por aqui ou aqui.
E ai? Qual a sua opinião quanto às filosofias da jornada da alma listadas acima? Pode ser tudo uma fantasia, porém, pensar de forma diferente sempre é uma boa provocação. Uma excelente comida para nossos cérebros e almas.
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5 comentários em “Eterno retorno, 9 coisas que deveria saber”