Tradição e Transformação: O Legado Vivo de Gurdjieff no Mundo Moderno

Como um grupo pode avançar na com base nos ensinamentos de uma tradição? Muitas áreas de conhecimento enfrentam esse desafio. No entanto, áreas ligadas à espiritualidade e psicologia apresentam desafios ainda maiores. Como discutido no último artigo, o legado de um mestre frequentemente se deteriora com o tempo. Gurdjieff comentou sobre isso, referindo-se às forças de influências esotéricas e terrestres. Assim, vamos analisar essa questão em relação aos ensinamentos de Gurdjieff e o Quarto Caminho. O que confere a um grupo, escola ou comunidade a autoridade para se autodenominar uma escola de Gurdjieff?

A tradição do mestre e seus discípulos

Muitos discípulos de Gurdjieff tiveram a chance de interagir diretamente com ele. Dentre estes discípulos, alguns se destacaram e desejando perpetuar seus ensinamentos. Contudo, entre vários professores e seguidores do Quarto Caminho alguns se destacam:

  • P. D. Ouspensky: Talvez o discípulo mais famoso de Gurdjieff, Ouspensky foi um escritor e pensador em si mesmo. Ele escreveu “In Search of the Miraculous”, que é uma das principais fontes sobre os ensinamentos de Gurdjieff. Embora Ouspensky tenha se distanciado de Gurdjieff mais tarde em sua vida, ele continuou a ensinar os princípios do Quarto Caminho até sua morte.
  • Jeanne de Salzmann: Após a morte de Gurdjieff, de Salzmann desempenhou um papel crucial na continuação de seu trabalho. Ela estabeleceu a Fundação Gurdjieff e foi instrumental na disseminação de seus ensinamentos na Europa e nos Estados Unidos.
  • J. G. Bennett: Bennett foi outro discípulo importante que, além de estudar com Gurdjieff, também explorou outras tradições espirituais. Ele fundou o Instituto para o Desenvolvimento Harmônico do Homem no Reino Unido e escreveu vários livros sobre o Quarto Caminho e outros tópicos espirituais.
  • Thomas e Olga de Hartmann: Eles foram colaboradores próximos de Gurdjieff, especialmente durante seus primeiros anos em São Petersburgo e Tbilisi. Thomas de Hartmann cocriou com Gurdjieff muitas das músicas usadas nos Movimentos, uma série de danças sagradas que fazem parte do trabalho de Gurdjieff.
  • Alfred Orage: Embora sua relação com Gurdjieff tenha sido tumultuada, Orage desempenhou um papel importante na introdução dos ensinamentos de Gurdjieff no mundo de língua inglesa, especialmente nos Estados Unidos.

Ainda vale acrescentar Maurice Nicoll na lista acima. Apesar de ter sido um discípulo de Ouspensky. Mais tarde começou a ensinar por conta própria. Ele escreveu uma série de comentários sobre os ensinamentos de Gurdjieff e Ouspensky que ainda são amplamente lidos hoje.

Contribuições Notáveis ao Trabalho de Gurdjieff

Também devemos citar outros discípulos que desempenharam papéis cruciais na perpetuação e expansão dos ensinamentos de Gurdjieff:

  • Jane Heap: Uma das primeiras alunas em Paris, posteriormente ensinou em Londres e nos EUA.
  • Lord Pentland: Liderou a Fundação Gurdjieff nos EUA, disseminando os ensinamentos na América.
  • William Welch e Paul Reynard: Figuras centrais na Fundação Gurdjieff em Nova York.
  • Frank Sinclair e Peggy Flinsch: Desempenharam papéis de liderança na Fundação.
  • William Segal: Filósofo e editor que integrou os ensinamentos em sua obra.
  • E. J. Gold: Autor que expandiu os conceitos do Quarto Caminho.
  • Ricardo Guillon, David Kherdian, e Rom Landau: Contribuíram com literatura sobre Gurdjieff.
  • James Moore: Biógrafo de Gurdjieff.
  • C. S. Nott e Kathleen R. Speeth: Escreveram sobre suas experiências pessoais com Gurdjieff.
  • Dorine Tolley: Destacou a influência de Gurdjieff na Austrália.
  • Jean Toomer: Escritor que integrou os ensinamentos em sua obra.
  • Peter Brook: Dirigiu “Meetings with remarcable man”, um filme sobre Gurdjieff.
  • James Webb: Historiador que abordou o movimento esotérico, incluindo Gurdjieff.
  • Sophia Wellbeloved: Contribuiu com pesquisas acadêmicas.
  • Rodney Collin: Discípulos de Ouspensky que expandiram e interpretaram os ensinamentos de Gurdjieff.

Cada um destes indivíduos trouxe uma perspectiva única, enriquecendo o legado de Gurdjieff e garantindo sua influência contínua.

É importante destacar que, embora algumas pessoas tenham tido contatos limitados com Gurdjieff, muitas foram discípulas dos alunos mais renomados de Gurdjieff. Todavia, nenhum dos discípulos, dos mais renomados aos menos conhecidos, acompanhou Gurdjieff durante todas as fases de sua vida e trabalho. Alguns estiveram mais envolvidos em grupos específicos, que correspondem a diferentes fases de atividades e localizações geográficas.

Assim, estudar Gurdjieff requer ler sobre a perspectiva de cada um de seus discípulos em um determinado tempo, fase, localização geográfica e contexto.

Qual a trilha a seguir?

Até onde chega à influência de uma tradição?

A influência de um mestre pode ecoar ao longo do tempo, moldando sistemas de pensamento de maneiras que o próprio mestre original talvez não tivesse previsto. Vejamos o caso a seguir como exemplo. Rodney Collin, inspirado pelos ensinamentos de Gurdjieff e Ouspensky, explorou a relação entre o Eneagrama e a astrologia. Dessa forma, buscou padrões universais que conectassem o cosmos à psicologia humana. Seu trabalho, embora não diretamente creditado como a fundação do Eneagrama da personalidade, lançou sementes para que outros assim o fizessem. Logo, Oscar Ichazo e Claudio Naranjo, o cultivariam e expandiriam. A amplitude e profundidade da influência de um mestre, como demonstrado aqui, muitas vezes ultrapassa os limites de sua própria era e visão.

Hoje, muitos que estudam o Eneagrama da personalidade desconhecem completamente as influências de Gurdjieff e seus primeiros discípulos. Contudo, alguns reconhecem Oscar Ichazo e Claudio Naranjo como seus mestres.

No entanto, essa evolução contínua de um sistema traz consigo o eterno dilema entre tradição e inovação. Enquanto a tradição busca preservar os ensinamentos originais e manter sua essência pura, a inovação procura adaptar e expandir esses ensinamentos para atender às necessidades e compreensões de novas gerações. Como discutido anteriormente, a tensão entre esses dois polos é inevitável e necessária. A verdadeira maestria reside na capacidade de honrar a tradição enquanto se abraça a inovação, garantindo que os ensinamentos permaneçam relevantes e vivos através das eras.

Uma análise dos métodos transmitidos

Como engenheiro me senti motivado a avaliar os métodos transmitidos pelos vários discípulos de Gurdjieff. Assim, faço aqui uma tentativa de extrair os tipos de abordagens mais comuns entre esses grupos. Inicialmente podemos colocar em categorias como movimento, leitura, trabalhos manuais e psicológicos.

Hoje é possível utilizar algumas ferramentas de análise de dados e identificar as abordagens comuns entre os grupos que seguem o trabalho de Gurdjieff. No entanto, faço uma ressalva que essa análise não foi exaustiva. Assim, a atribuição de cada categoria pode não ser totalmente precisa. Porém, isso nos fornece uma fotografia do que cada escola ou tradição considera o legado de Gurdjieff.

  1. Exercícios de Lembrete ou “Stop”: Estes exercícios requerem que os praticantes parem em certos momentos do dia, como antes de comer ou cada vez que passam por uma porta. Estes exercícios são projetados para promover a consciência e a atenção plena.
  2. Exercícios Psicológicos: Estes exercícios envolvem a observação de ‘identificações’ em si mesmos, como emoções negativas, que esgotam sua energia e desviam sua atenção. Estes exercícios são projetados para promover o autoconhecimento e a autocompreensão.
  3. Sittings (Sessões de Meditação): Estas são sessões onde os alunos se sentam em silêncio cultivando sensações no corpo. Eles são guiados ao longo da sessão, sendo instruídos a estar cientes do corpo, da respiração e do silêncio.
  4. Exercícios de Observação: Estes são exercícios onde os praticantes são encorajados a observar certos comportamentos ou tendências em si mesmos, como “wiseacring” (fingir saber mais do que realmente sabem).
  5. Leituras e Discussões: É mais comum que os grupos que seguem os ensinamentos de Gurdjieff realizem leituras e discussões baseadas principalmente no livro “In Search of the Miraculous” de Ouspensky, em vez do texto principal de Gurdjieff, “Beelzebub’s Tales”.
  6. Movimentos ou Danças: Os membros dos grupos mais tradicionais geralmente participam de reuniões semanais de grupo, que têm um formato de perguntas e respostas, bem como fins de semana especiais e retiros realizados ao longo do ano, onde pequenas equipes fazem trabalho físico sob a orientação de professores. Quando os membros são considerados prontos, eles frequentam aulas regulares de Movimentos.
  7. Trabalho Manual e Doméstico Intensivo: Gurdjieff em sua vida ensinou através de métodos que envolviam trabalho manual e doméstico intensivo, dança, culinária, alimentação, consumo de álcool (brinde aos idiotas), endereçamento de comentários provocativos aos alunos e audição de música e leituras.
  8. Trabalho em Grupo: O trabalho em grupo é fundamental no Quarto Caminho. Os praticantes se reúnem regularmente para discutir ensinamentos, compartilhar insights e trabalhar juntos em exercícios e práticas.
  9. Exercícios de Transformação de Energia: Gurdjieff ensinou que os seres humanos têm a capacidade de transformar energias de um estado para outro, e certos exercícios no Quarto Caminho são projetados para facilitar essa transformação.
brinde aos idiotas
Brinde aos idiotas

Grupos e a Influência do Mestre

É difícil determinar claramente quais práticas deveriam ser consideradas “desejáveis” e quais são “obrigatórias” no trabalho de Gurdjieff. No entanto, sabemos que a abordagem de Gurdjieff era altamente individualizada e adaptada às necessidades específicas de cada aluno. Portanto, uma série de exercícios particulares dada de “mestre a aluno” foram somente parcialmente registradas ou se perderam no tempo.

Gurdjieff desejava que seus alunos se tornassem independentes e trabalhassem por conta própria. No entanto, isso parece estar em contraste com alguns grupos criados após sua morte. Tais grupos tendem a reter alunos por longos períodos sem incentivá-los a seguir caminhos independentes. Enquanto Gurdjieff valorizava a luta e o esforço contínuos, estes grupos destacam a ideia de “receber”, de “ser trabalhado” e de “ser lembrado”. Isso indica que, embora esses grupos possam ver certas práticas como fundamentais, Gurdjieff talvez adotasse uma abordagem mais flexível, ajustando práticas conforme as necessidades individuais de cada aluno.

Há uma clara distinção entre a intenção de Gurdjieff e a direção tomada pelos grupos após sua morte. Gurdjieff, um renomado professor esotérico, caracterizado por sua personalidade carismática e métodos de ensino únicos, almejava a independência de seus alunos. Por outro lado, grupos formados com estruturas “estritamente hierárquica”, “apostólica” e “institucional”, parece ter se afastado de algumas das complexas cosmologias de Gurdjieff, como as apresentadas em “Beelzebub’s Tales”. O documento também indica que Gurdjieff personalizava sua abordagem para atender às necessidades específicas de cada aluno. Finalmente, identificar um ensino genuíno de Gurdjieff apresenta desafios. Ele vivia e ensinava como um experimento contínuo, sempre buscando viver “conscientemente” e mantendo seus movimentos e ensinamentos imprevisíveis, tanto para si mesmo quanto para seus alunos.

Trilhas e seus discípulos

John Bennett, um dos seguidores de Gurdjieff, propôs uma ideia interessante sobre como os seguidores de um mestre ou filosofia tendem a se dividir após a morte do mestre. Ele identificou três tipos de seguidores:

  • Literalistas: Esses são os seguidores que se apegam estritamente aos ensinamentos e práticas exatamente como foram transmitidos pelo mestre. Eles resistem a qualquer mudança e se esforçam para preservar a tradição em sua forma original.
  • Desviantes: Esses seguidores tomam seu próprio caminho, muitas vezes divergindo significativamente dos ensinamentos originais do mestre. Eles podem incorporar novas ideias ou práticas, ou reinterpretar os ensinamentos do mestre à luz de suas próprias experiências ou crenças.
  • Desenvolvedores: Esses seguidores estão dispostos a ver as formas ortodoxas mudarem e se distorcerem para que algo novo possa crescer. Eles valorizam a evolução e o desenvolvimento dos ensinamentos e práticas, e estão abertos a adaptá-los às circunstâncias em mudança.

Esta fórmula pode ser aplicada a uma variedade de grupos e tradições filosóficas ou espirituais. No caso dos grupos de Gurdjieff estabelecidos após sua morte, é possível ver exemplos desses três tipos de seguidores. Alguns grupos se esforçaram para preservar os ensinamentos de Gurdjieff exatamente como ele os transmitiu (literalistas), enquanto outros desenvolveram novas práticas ou interpretações (desviantes), e ainda outros dispõe em adaptar e evoluir os ensinamentos de Gurdjieff para atender às necessidades e circunstâncias em mudança (desenvolvedores).

A Perspectiva Literalista e os Ensinamentos de Gurdjieff

Dada a análise anterior, como um literalista justificaria sua abordagem, considerando as frequentes mudanças nos processos de Gurdjieff, conforme discutido? Esta pergunta destaca um paradoxo central ao seguir os ensinamentos de um mestre como Gurdjieff, famoso por sua abordagem adaptável e altamente personalizada.

John Bennett define um literalista como alguém que segue rigorosamente os ensinamentos e práticas conforme o mestre os transmitiu. No contexto de Gurdjieff, isso se torna um desafio, pois ele frequentemente alterava seus métodos e ensinamentos.

Ainda assim, um literalista pode defender que, ao se ater fielmente aos ensinamentos de Gurdjieff, ele preserva a essência do trabalho do mestre. Eles podem interpretar as constantes mudanças e adaptações de Gurdjieff como respostas a situações específicas ou às necessidades de alunos individuais, e não como um sinal de que os ensinamentos em si deveriam sofrer alterações contínuas.

Adicionalmente, um literalista pode considerar que, ao manter os ensinamentos e práticas de Gurdjieff em sua forma pura, evita-se a distorção ou diluição de sua mensagem. Qualquer desvio dos ensinamentos originais pode ser visto por eles como uma possível traição à visão de Gurdjieff. Cabe salientar que a maioria dos literalistas se atem ao que absorveram da “época” de contato com Gurdjieff. Portanto, longe de sua totalidade.

“Só existiu um cristão na vida, o próprio Cristo” – G.I. gurdjieff

A Importância do Literalista na Preservação da Tradição

O literalista desempenha um papel fundamental na salvaguarda da tradição e da história. Como guardião dos ensinamentos originais, ele assegura que a sabedoria e as práticas do mestre se transmitam de forma autêntica e intacta às futuras gerações. Dessa forma, os literalistas enriquecem e mantêm viva a tradição:

  1. Autenticidade: Os literalistas mantêm a genuinidade da tradição. Eles se certificam de que os ensinamentos e práticas se perpetuem como o mestre originalmente os concebeu, sem desvios ou modificações.
  2. Referência Confiável: Para novatos e acadêmicos, os literalistas são uma fonte confiável. Eles proporcionam uma visão pura e inalterada dos ensinamentos originais, servindo como um padrão para estudo e análise.
  3. Continuidade: Os literalistas garantem a continuidade e a consistência dos ensinamentos ao longo do tempo, aspectos cruciais em tradições espirituais ou filosóficas, onde a uniformidade pode indicar a veracidade e o valor dos ensinamentos.
  4. Registro Histórico: Além de preservar a autenticidade, os literalistas ajudam a documentar a trajetória da tradição, mantendo um registro fiel de suas origens e evoluções.
  5. Fundamento para Reinterpretação: Os ensinamentos originais, mantidos pelos literalistas, oferecem uma base robusta para revisões e novas interpretações. Isso permite que estudiosos e novatos aprofundem sua compreensão ou explorem novas perspectivas.

Os Desviantes e Desenvolvedores: Inovação nas Tradições

Desviantes são seguidores que frequentemente divergem dos ensinamentos originais do mestre, escolhendo um caminho próprio. Eles podem adotar novas ideias, práticas ou reinterpretar os ensinamentos com base em suas experiências e crenças. Assim, trazem as seguintes contribuições:

  1. Inovação e Evolução: Desviantes introduzem novas perspectivas e ideias, permitindo que a tradição evolua e se adapte. Suas inovações e interpretações enriquecem a tradição, mantendo-a atualizada em um mundo em transformação.
  2. Personalização: Desviantes adaptam os ensinamentos às suas necessidades e circunstâncias, tornando a tradição mais acessível e pertinente para um público diversificado.
  3. Diversidade: Com diferentes interpretações e práticas, os desviantes enriquecem a tradição, tornando-a mais dinâmica e atraindo uma variedade de seguidores.

Desenvolvedores

Desenvolvedores são seguidores que aceitam mudanças nas formas ortodoxas, permitindo o surgimento de novidades. Eles valorizam a evolução dos ensinamentos e práticas, adaptando-os conforme as circunstâncias.

  1. Adaptação e Relevância: Desenvolvedores atualizam os ensinamentos para manter a tradição relevante em um mundo em constante mudança. Eles ajustam os ensinamentos para enfrentar novos desafios, garantindo que a tradição continue a orientar e agregar valor.
  2. Crescimento e Evolução: Abertos à mudança, os desenvolvedores possibilitam o crescimento e a evolução da tradição, introduzindo novas ideias e práticas que a mantêm viva e dinâmica.
  3. Flexibilidade: Desenvolvedores exibem uma flexibilidade que pode atrair muitos seguidores. Sua abordagem menos rígida e mais adaptável pode ser mais convidativa para muitos.

Conclusão

Concluindo, a abordagem do literalista, apesar de suas possíveis limitações, é essencial para a preservação, manutenção e revisão de tradições filosóficas e espirituais. Desviantes e desenvolvedores, por outro lado, desempenham um papel crucial na inovação e adaptação dessas tradições. Eles introduzem novas perspectivas, permitem adaptações e enriquecem a tradição com diversidade e dinamismo. Juntos, literalistas, desviantes e desenvolvedores garantem que as tradições não apenas sobrevivam, mas também prosperem e sejam relevantes em um mundo em constante mudança. A interação entre manter a autenticidade e permitir a inovação é o que dá vida e vigor a qualquer tradição, garantindo sua continuidade e relevância ao longo do tempo.

O legado de Gurdjieff é um exemplo vívido dessa interação entre tradição e inovação. Enquanto ele próprio era um mestre que frequentemente adaptava e evoluía seus ensinamentos, após sua morte, diversos grupos, tanto formais quanto informais, surgiram para perpetuar sua doutrina. Alguns desses grupos adotaram uma abordagem mais literalista, buscando preservar os ensinamentos de Gurdjieff em sua forma mais pura. Outros, influenciados por desviantes e desenvolvedores, optaram por reinterpretar ou adaptar seus métodos e práticas para atender às necessidades contemporâneas. Essa diversidade de abordagens reflete a riqueza e profundidade do legado de Gurdjieff, demonstrando que sua influência continua a inspirar e desafiar novas gerações de buscadores espirituais.

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