Luz e sombra: cuidado com o Eneagrama!

Luz e sombra no Eneagrama, isto existe?
Luz e sombra, existe mesmo este conceito dentro do Eneagrama?

Luz e sombra existem em toda a criação. Só não há luz e sombra no Todo, pois, no Uno não cabe esta distinção. O Criador simplesmente é. Fora do Criador, da totalidade, sempre teremos opostos. No entanto, oposto não necessariamente implica em inimigo. Com certeza opostos geram conflitos. Porém, é esta energia que alimenta a vida da psique humana. Logo,  qualquer tentativa de reconciliação nunca vem como automática. Sempre exigirá sacrifício e esforço. E por quê seria diferente no desenvolvimento de nossa personalidade?

Luz e sombra

No aspecto do Eneagrama da personalidade, é comum ver pessoas discutindo lados positivos e negativos, gostos e desgostos, luz e sombras dos tipos. Quanto mais estudo sobre o tema, mais vejo que as funções opostas dentro do Eneagrama não são uma função pertinente ao tipo. Isto é uma função geral e universal das Leis da Criação.

Devemos lembrar constantemente da Lei de Três, de que sempre haverá uma força a favor e por consequência a criação de uma força contrária. Assim, sempre haverá uma Terceira Força que harmoniza as duas forças atuantes de maneira a equilibrar o movimento. Então, polaridades não são do tipo. São da estrutura universal. Pela cosmologia de Gurdjieff, a Lei de Três é o máximo que se pode atingir de entendimento pela consciência, pois, acima dela está o Princípio Criador.

Desta maneira, o que se dá nome de gosto e desgosto, luz e sombra, negativo e positivo, são julgamentos relativos a um contexto, de maneira subjetiva. Desta forma, para o indivíduo, existe sim gosto e desgosto. No entanto, somente o indivíduo pode avaliar se isto é bom ou ruim, para ele e para os que o cercam. Assim, chamar de positivo algum comportamento, provavelmente estará associado ao julgamento e aceite como bom do contexto social. A mesma forma se aplica ao contexto dito negativo, pois, é um julgamento social. Eneagrama da personalidade não é um tribunal de juri, ou prestação de contas. Não cabe a ninguém, além do próprio indivíduo criar sua autoavaliação. 

A armadilha de julgar o que é luz e sombra

Um exemplo claro quanto a armadilha do julgamento aplicados aos tipos é a tendência a rotulação. Características como a passividade do tipo 9 podem ser enraizadas em determinadas culturas de maneira a não serem vistas como negativas. Ao contrário, podem até serem vistas como virtudes. Assim  também a rigidez as regras (tipo 1), servidão (tipo 2), obsessão por resultados (tipo 3), sensibilidade (tipo 4), intelectualismo (tipo 5), fidelidade (tipo 6), endonismo (tipo 7) e autoridade (tipo 8) podem ser mais cultuadas ou reprovadas por épocas e povos. Tudo isto reforça certas características ao mesmo tempo que inibem outras. 

O problema nunca está nas características ditas positivas ou negativas, pois, isto são julgamentos externos. Desta forma, o problema está na intenção e proporcionalidade em que se usa tais forças e habilidades. Por vez, a passividade do 9 é excelente em não gerar agressão. No entanto, o problema de não gerar agressão em exagero é gerar agressão contra si mesmo. Mas, julgar isso como positivo e negativo, somente o indivíduo pode dizer. O comportamento passivo pode ser extremamente tolerável como pode ser extremamente rejeitado pelo ambiente. Então, o ambiente julga o valor da ação por seus parâmetros, que com certeza não são os parâmetros de quem está vestindo a pele quem está sendo julgado.

Personalidade, é ruim… ou é boa?

Não ignoro a hipótese de que se pode ensinar a alguém a ter respostas mais apropriadas para um determinado ambiente ou situação. Todavia, ao cristalizar a personalidade, muito das alternativas de respostas, mais apropriadas ao momento, são descartadas. As pessoas ficam cada vez mais monotonicas. Mas, ao invés de julgar o que é luz e o que é sombra em um tipo, deveríamos responder as perguntas: por que a personalidade se cristaliza? Porque a necessidade de limitar o conjunto de opções de nossas reações?

Pelo estudo do Quarto Caminho, estamos inseridos dentro de uma espiral de criação. E com isto a energia do Absoluto torna-se concreta e objetiva. Assim, pela localização que nos encontramos nesta escala cósmica, não há energia suficiente para permitir o crescimento contínuo de nossa psique. Então, a psique deve desenvolver ao sacrifício da personalidade. Mas, a sociedade em si vem evoluindo a milênios. Tal evolução empurra cada vez mais o ser humano de uma estrutura coletiva para uma estrutura individual.

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Cada vez mais, as demandas da vida moderna exigem respostas do indivíduos, não mais do coletivo. Assim, a energia limitada e necessidade de maior autonomia, gera o impulso evolutivo a especialização. Desta maneira, vamos nos tornando uma máquina especialista em fazer o mesmo, extraindo o melhor resultado possível. A biologia exige sempre como resposta obter melhores resultados, gastando o menor nível de energia. Logo, se você está vivo até agora, com uma vida relativamente normal, significa que você obteve sucesso total até este momento. Além do que obedeceu uma longa rotina programada para isto.

Somos máquinas?

Consequentemente, primeiro somos criados para depois ter a capacidade de se criar. Então, este papo de negativo e positivo, sempre remete ao bem e mal, a um julgamento, e não tem nada a ver com Eneagrama. 

Todos nós fomos criados como consequência de um ambiente. A nossa vontade é fragmentada pela vida  e se torna esparsa. Se demos sorte, recebemos alguma influência positiva. Ao fim da cristalização da personalidade já não há um mestre na casa. A personalidade toma conta do que não lhe pertence para ocupar um vácuo. Tudo segue a regra natural e instintos da vida. Não tem positivo ou negativo sem um julgamento parcial, subjetivo e temporal. Então tudo é positivo até certo ponto e em certos aspectos. Assim como tudo é negativo sobre outros pontos de vista. 

Daí, o que vão te ensinar numa escola de Eneagrama da personalidade é algo muito crítico. Vão dizer sobre características dos traços das personalidades. Será colocado o que se gosta e o que não se gosta em relação a um coletivo cultural e temporal. Desta maneira, a validade de aprender sobre algum traço marcante de sua personalidade vem da utilidade em reconhecer que você se tornou um especialista em reagir perante o mundo. Esta especialização em reagir, físico, intelectual e emocional, prende praticamente toda a sua atenção a uma única maneira de fazer e reagir. Não há atenção livre desassociada a personalidade. Esta é a cristalização da personalidade.

Luz e sombra, isto realmente importa?

Então, é isto que deveria ser ensinado. É para isto que serve entender e debater os tipos. Qualquer coisa além disso é tentar moldar a personalidade, para capacidades em que a mesma não tem função e nem possibilidades de realizar. O melhor que a personalidade pode fazer é ser ela mesmo dentro de sua limitações, muito importante por sinal. Todas excelentes. A personalidade deve seguir dando a estrutura necessária para realizar a tarefa de crescimento pelo esforço consciente.

Só que ficar falando do tipo, e, exigir do tipo uma evolução, é o mesmo que tentar ensinar um cachorro a falar. Você fala com o cachoorro e até parece que este entende, mas não vai falar. É daí que se diz no trabalho ” você não tem capacidade de fazer, de transformar a si mesmo”. Não tem mesmo e além disso não sabe o que fazer. Isto quer dizer que: enquanto estiver tentando transformar pela atuação da personalidade, nada vai lhe ocorrer.

Por isto você deve tomar muito cuidado com quem te ensina sobre o Eneagrama. E este cuidado deve ser cada vez maior na medida em que se aprofunda o aprendizado.

No trabalho do Quarto Caminho, e do Eneagrama,  o que interessa é sempre a compreensão. Entendimento direito, lembrança de si, ver o que você é e o que não é. Ver além das ilusões do ego e da personalidade. Seu tipo é excelente, te protege e te mantem vivo. Faz sempre o papel de Força 1 no contexto do desenvolvimento pessoal, onde a Força 2 deve ser a busca pela atenção livre, desassociada. Desta maneira é possível gerar livre arbítrio para fazer algo diferente, que seja oriundo da consciência. Eneagrama da personalidade não deve ensinar respostas ou julgar as ações e reações das pessoas. Não há polos positivos e negativos. Não há certo ou errado sem a correta análise objetiva da visão do todo. Por isto, agir pela escolha e tornar tudo novo, como um aprendizado diferente, é sempre a meta a ser perseguida.

Ser feliz é ser você

Como conclusão, esqueça de melhorar seu tipo. Tudo que vem da personalidade são eus menores, assim como os tipos dos outros. Esqueça que você é um tipo, pois nunca foi mesmo. Este não é o foco do desenvolvimento da consciência e nunca foi. O foco é crescer em entendimento. Espero que ache sua luz para que tenha capacidade avaliar suas trevas. Poderá até descobrir que nem todas as trevas são escuras e nem toda luz é iluminada.

luz e sombra, podem ter ensinado Eneagrama para você de forma errada


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1 comentário em “Luz e sombra: cuidado com o Eneagrama!”

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